Paulo Câmara, do PSB, foi eleito neste domingo (5) para ser o governador de
Pernambuco nos próximos quatro anos. Apuradas 100% das urnas no estado, o
socialista apareceu com 68,08% votos válidos -- um total de 3 milhões de votos.
O senador Armando Monteiro (PTB) ficou em segundo lugar, com 31,07% -- 1,3
milhão de votos.
"Pernambuco hoje teve um dia pleno de democracia, um dia importante para esse estado, e nós, da Frente Popular de Pernambuco, tivemos um resultado que muito nos alegra. A responsabilidade é muito grande de comandar os destinos desse estado, mas estamos preparados e confiantes para, a partir de 1º de janeiro de 2015, continuar um trabalho que foi iniciado em 1 de janeiro de 2007 por Eduardo Campos", disse o governador eleito.
Com a vitória, o PSB segue no comando do Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual. A gestão de Câmara será a terceira seguida do partido, que saiu vitorioso nas eleições de 2006 e 2010, com Eduardo Campos. O vice João Lyra Neto completou o mandato a partir de abril, quando Campos deixou o cargo para se dedicar a sua campanha para presidente. Lyra era do PDT, mas acabou indo para o PSB em 2013.
Recifense, Paulo Câmara tem 42 anos e é formado em Economia pela Universidade Federal de Pernambuco. Na mesma instituição, tornou-se especialista em Contabilidade e Controladoria Governamental e mestre em Gestão Pública. Auditor concursado do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) entrou para o governo estadual em 2007, como secretário de Administração. Em 2010, assumiu a secretaria de Turismo e, em janeiro do ano seguinte, a da Fazenda. Nesta última pasta, ficou até o início de 2014, quando foi indicado pelo partido para concorrer às eleições.
O ex-governador Eduardo Campos conduziu pessoalmente o processo de escolha do postulante ao governo. Câmara acabou sendo o selecionado em detrimento a outros quadros tradicionais do partido, como Danilo Cabral, Tadeu Alencar e Sileno Guedes -- este último, atual presidente estadual do PSB. O ex-petista Maurício Rands, que coordenou o programa de governo da campanha de Marina Silva, também chegou a ser cogitado nos bastidores.
Campanha
Inicialmente desconhecido pelo eleitorado pernambucano, Paulo Câmara iniciou a corrida pelo Palácio do Campo das Princesas em baixa nas pesquisas de intenção de voto. No levantamento publicado pelo Datafolha em 15 de agosto, por exemplo, ele tinha 13%, contra 47% de Armando Monteiro (PTB). Parte deste desempenho do socialista se devia ao fato de que poucos eleitores sabiam que ele foi o candidato indicado pelo ex-governador Eduardo Campos.
Com o início do guia eleitoral e a intensificação das agendas de rua, Câmara foi ganhando espaço aos poucos. Por conta da ampla coligação costurada por Eduardo Campos, composta por 21 partidos, o candidato teve direito a mais de 10 minutos para apresentar suas propostas na TV e no rádio. O concorrente do PTB teve menos da metade do tempo. Ao passo que foi se tornando mais conhecido, Paulo Câmara foi subindo nas pesquisas: no início de setembro, já aparecia empatado com Armando Monteiro.
O socialista se apresentou ao longo da campanha como um quadro técnico que teve atuação destacada ao longo da gestão do PSB entre 2007 e 2014. Em muitos debates, disse ter sido o secretário que aumentou a capacidade de investimento do governo, "transformando gasto ruim em receita boa".
Passado o clima de comoção que tomou a campanha com a morte de Eduardo Campos, a família do ex-governador passou a ter uma participação mais ativa nas agendas de Câmara. Primeiro, o filho homem mais velho, João Campos, acompanhou a Frente Popular em vários atos no interior do estado. Na sequência, a viúva Renata e os outros filhos também subiram ao palanque. Na semana final de campanha, a família completa, com exceção do bebê Miguel, figurou ao lado de Paulo Câmara em comícios na área central do Recife.
Propostas
Apesar de o plano de governo da candidatura só ter sido lançado a poucos dias das eleições, Paulo Câmara aproveitou as entrevistas na imprensa e o amplo espaço no guia eleitoral para divulgar suas propostas. Uma das principais delas, e talvez a que mais recebeu críticas dos adversários, foi a de dobrar o salário dos professores da rede estadual dentro de quatro anos. Também no campo da educação, prometeu universalizar as oportunidades nas escolas em tempo integral.
Durante a campanha, o postulante do PSB ainda atribuiu ao governo federal o atraso em algumas obras de mobilidade no estado, como o projeto de navegabilidade do Rio Capibaribe e o Arco Metropolitano. A estratégia foi utilizada por conta da polarização com Armando Monteiro, candidato apoiado pelo PT.
Na saúde, assim como o ex-governador Eduardo Campos, Paulo Câmara também fez promessas de construir novos hospitais, como o Geral de Cirurgias, no Grande Recife, e o Geral do Sertão, em Serra Talhada. Na mesma área, propôs a construção de mais seis UPAEs, voltadas para o atendimento especializado.
Fonte: G1
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