Mais um filho da terra indignado com a falta de
respeito por parte do prefeito e do governador Eduardo Campos, publica carta
aberta no jornal do Commercio.
CARTA ABERTA AO
GOVERNADOR de autoria de CARLOS ÉRICO SAMPAIO ANGELIM, publicada no Jornal do
Commercio, 14/07/2013.
Caro Governador,
Vossa Excelência esteve no último dia 11 em
Serrita para assinar ordem de serviço relativa à recuperação da PE 507, que
liga Serrita a Salgueiro. Muito bem governador, este pequeno trecho, há muito
demandava uma intervenção completa. Na solenidade, o prefeito de Serrita
agradeceu não só pela recuperação da PE, mas também pela liberação R$ 981.529,57
do Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Municipal (FEM) destinado a recapear com
asfalto as principais ruas da cidade.
“Como assim”?, Perguntei a mim mesmo, ESTUPEFATO.
Como e para quê asfaltar ruas já pavimentadas? E o calor que isso vai provocar?
Serrita é um grotão sertanejo onde as temperaturas são, por natureza, elevadas.
Lembrei-me de ter lido no JC que este fundo foi
criado para apoiar obras e ações de infraestrutura urbana e rural, educação, saúde,
segurança, desenvolvimento social, meio ambiente e sustentabilidade. Não
pretendo ensinar missa a vigário, mas vossa excelência, como economista, sabe, melhor
do que eu que asfaltar ruas já pavimentadas com paralelepípedos, representa
tudo, menos desenvolvimento.
Isso é absolutamente nonsense, em Serrita, diz o
IBGE, em 2010 a
frota era de 2.279 unidades. Numa estimativa otimista, agora em 2013, esse número
não passa de 3.000. Serrita é um município de dimensões territoriais enormes,
contudo sua sede não passa de uma pequena cidadezinha dependente dos serviços
de Salgueiro e Juazeiro (CE).
Dos 2.279 veículos, 1.386 são motos, motonetas e assemelhados.
E, tirando os poucos tratores, caminhões, micro-ônibus e ônibus, sobram apenas
581 veículos de passeio. Enfim, é uma frota por demais reduzida e para a qual o
pavimento em paralelepípedo é mais do que suficiente e apropriado ao clima.
Sabe-se que o asfalto, por si só, é responsável
pelas chamadas “ilhas de calor”, especialmente, onde não há cobertura vegetal. Há
um estudo da USP que demonstra cientificamente um aumento de até 5 graus Celsius
nas temperaturas noturnas nos lugares asfaltados. Ali em Serrita a aridez é
constante e, doravante, eventual brisa noturna passará a contar com mais 5
graus.
Apelo a vossa excelência para adotar uma medida
de contenção dessa obra que é, com efeito, um atentado, sob todos os aspectos,
aos princípios mais fundamentais da Constituição Federal e, por tanto, não só
contra o povo do lugar, mas contra o povo brasileiro.
Carlos Érico Sampaio Angelim
Advogado
Avenida principal de Serrita com a pavimentação em paralelepípedos |
A mesma avenida com asfalto |
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