Um verdadeiro absurdo está acontecendo no município de Serrita, no Sertão pernambucano. Estudantes universitários que dependem do transporte oferecido pela prefeitura para estudar na cidade vizinha de Salgueiro estão sendo coagidos a pagar R$30 por mês para ter acesso ao ônibus — isso mesmo, um transporte que deveria ser totalmente gratuito, custeado com recursos públicos, com combustível e motoristas pagos pela própria prefeitura!
A prática, além de abusiva, tem causado constrangimentos e humilhações entre os alunos. Quem não paga, simplesmente não sobe no ônibus. Já houve casos de estudantes evitarem o embarque para não passar vergonha na frente dos colegas.
Como se não bastasse, os alunos recebem uma espécie de “carteirinha do transporte”, onde constam nome, matrícula do aluno, nome da instituição de ensino e espaço para registrar o pagamento mensal — com data e assinatura de quem “dá baixa” no pagamento. Um controle digno de um sistema privado e não de um serviço público que deveria ser inclusivo, acessível e respeitoso.
O controle desse pagamento é feito por meio de uma carteirinha, cuja emissão e gestão são organizadas por uma aluna, responsável por recolher o dinheiro e dar baixa nos comprovantes. Não há informações claras sobre quem criou esse sistema—se partiu dos próprios motoristas, da estudante ou da Secretaria de Educação. Alguns alunos se recusaram a enviar imagens da carteirinha à reportagem por temerem retaliações, já que, segundo denunciam, quem não paga é ameaçado de não poder embarcar no ônibus.
A cobrança “não oficial” (pois não há lei que a regulamente) rende R$1.770,00 mensais por ônibus e por cada motorista (sendo dois ônibus grandes e um pequeno), que supostamente servem de “gratificação” para os motoristas — que já recebem salários da prefeitura. Isso sem falar nas condições precárias: alunos obrigados a se espremer, sentando três por banco, para evitar que alguém vá em pé, já que o número de passageiros precisa “fechar” os 59 pagantes. Parece piada, mas é realidade.
E onde está o prefeito Aleudo Benedito e a Secretária de Educação? Consentindo tudo. A prefeitura, que deveria garantir dignidade aos estudantes, assiste passivamente a esse sistema paralelo de cobrança e exclusão. E ainda tem a coragem de afirmar publicamente que “a educação em Serrita está ótima” e que “cada vez mais estão adquirindo transporte”. Prefeito, fala sério!
O que os alunos querem não é luxo, mas respeito. Muitos vêm de famílias humildes, não têm emprego e às vezes contam com um lanche só quando chegam em casa. Já enfrentam dificuldades com mensalidades, xerox, transporte local, livros, e agora ainda precisam pagar para usufruir de um direito básico?
Alunos já perderam aulas e provas por não conseguirem pagar a quantia exigida na data estipulada.
Essa prática é abusiva, injusta e possivelmente ilegal, configurando apropriação indevida de recursos e constrangimento moral.
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