MISSA DO VAQUEIRO
Em 15 de abril de 2009 a Festa do Vaqueiro tornou-se Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco. A iniciativa da concessão do título partiu de proposta do deputado Maviael Cavalcanti (DEM). O parlamentar apresentou o Projeto de Lei n° 933/09, que originou a Lei n° 13.746/2009.
VAQUEIRO
O Vaqueiro surgiu junto com a colonização das terras brasileiras. Haja vista
que a economia girava, notadamente, em torno da pecuária. Na região Nordeste o vaqueiro é a
principal bandeira. Depois é o sanfoneiro.
Vaqueiro, homem rústico, corajoso e forte como a baraúna. Trabalhador da
caatinga, que vive a enfrentar perigos para cuidar do gado.
Sua lida diária é intensa, montado a cavalo patrulha a fazenda
certificando-se da segurança do gado solto, em terrenos extensos,
arrebanhando-o aos currais para a contagem e marcação com ferro quente, que
leva a marca do fazendeiro.
No período da seca, o vaqueiro tange o gado em longas viagens à procura de
água para saciar a sede do rebanho. Quando a seca aperta, ele enfrenta os
espinhos de xiquexiques e mandacarus, corta o caule, queima para amolecer os
espinhos e serve aos animais.
Para enfrentar o perigo entre os espinhos e pontas de paus da caatinga, o
vaqueiro veste o gibão, sua armadura, roupa feita de couro cru e curtida, que
seca ao sol. O processo de curtir o couro é primitivo, deixando a cor de
ferrugem e um forte cheiro característico.
O gibão não é só a proteção... Representa também um símbolo de bravura e orgulho para o vaqueiro.
A indumentária do vaqueiro é composta de guarda-peito, luvas, perneiras,
alpercatas ou botinas, chapéu e gibão.
O aboio é o canto que caracteriza o vaqueiro, quando abóia para conduzir o
gado, transmitindo seus sentimentos, cantando em versos pelas festas de gado,
seu universo lúdico e trágico, remetendo-nos ao cântico saudoso dos mouros.
Dois tipos de festas quebram a rotina do vaqueiro: a religiosa e a profana.
A missa de padroeiro e a missa-de-vaqueiro, acompanhadas por cavalgada e
procissão demonstram um profundo caráter religioso desses heróis anônimos. Já
as festas profanas, são marcadas pelos folguedos, competições de montarias como
cavalgadas, cavalhadas, vaquejadas e pegas-de-bois.
Encourado e com muita fé, o vaqueiro, legítimo herói do sertão, mitificado
pelas batalhas na caatinga, conduz sua vida. Nos momentos de calma, abóia pelos
tabuleiros o gosto de campear.
A Missa do Vaqueiro tem sua origem no assassinato do vaqueiro RAIMUNDO JACÓ,
morto traiçoeiramente nas caatingas do Sítio Lages no município de
Serrita/Pernambuco.
RAIMUNDO JACÓ
Raimundo Jacó era natural do Exu e primo legítimo de Luiz Gonzaga. Jacó Era
um excelente vaqueiro. Quando aboiava seu canto atraia o gado para perto de si,
de uma maneira impressionante. Era capaz de adivinhar onde dormia e comia cada
cabeça de gado sob sua responsabilidade.
Narra à lenda que, o dono do Sítio
Lages, ordenou que Raimundo Jacó e Miguel Lopes, fossem pegar na caatinga uma
rês, arisca e estimada, que se afastou do rebanho, a data era 08 de julho de
1954. Entre Raimundo e Miguel havia uma rixa, devido a inveja que Miguel sentia
do Raimundo por suas qualidades e habilidades em tratar o gado.
Ao fim do dia Miguel Lopes volta à sede da fazenda, sozinho, sem comentar
sobre Jacó e a rês. Os outros vaqueiros preocupados, no dia seguinte saíram à
procura de Raimundo Jacó e em meio à caatinga encontraram-no morto, ao lado da
rês ainda amarrada e o seu fiel cachorro latindo, sem sair de perto. Uma pedra
manchada de sangue denunciava a covardia do assassinato.
Miguel Lopes foi incriminado, abriu-se um processo, mas foi arquivado por
falta de prova e o crime ficou sem solução, caindo no esquecimento.
Sendo Raimundo Jacó primo do Rei do Baião – Luiz Gonzaga, gravou a música ‘A
MORTE DO VAQUEIRO’ em sua homenagem protestando o crime sem solução.
No terceiro domingo do mês de julho de 1971, ao ar livre, por decisão do
padre João Câncio, apoiado por Luiz Gonzaga e o poeta Pedro Bandeira, conhecido
repentista do Cariri - Ceará foi celebrada a primeira Missa do Vaqueiro no
Sítio Lages em homenagem a Raimundo Jacó e também aos vaqueiros nordestinos.
No centro da foto Padre João Câncio e Luiz Gonzaga
Em 1973 por iniciativa da Prefeitura Municipal de Serrita-Prefeito Romilson
Cruz Sampaio e com patrocínio do Governo do Estado, Governador Eraldo Gueiros
Leite foi erguida e inaugurada a estátua de Raimundo Jacó, no Sítio Lages, esculpida
por Jota Mildes, artista de Petrolina, e, em 1974, foi construído o Parque
Nacional do Vaqueiro. Já em outubro do mesmo ano, foi criada a Associação dos
Vaqueiros do Alto Sertão.
Em 15 de abril de 2009 a Festa do Vaqueiro tornou-se Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco. A iniciativa da concessão do título partiu de proposta do deputado Maviael Cavalcanti (DEM). O parlamentar apresentou o Projeto de Lei n° 933/09, que originou a Lei n° 13.746/2009.
Deputado Estadual Maviael Cavalcanti (DEM)
Vaqueiros de vários Estados do Norte e Nordeste e turistas do mundo inteiro comparecem
à missa, que é celebrada a céu aberto, com os participantes montados a cavalo e
vestidos com o tradicional gibão do vaqueiro nordestino. Diante da fé cristã,
eles sobem ao altar e fazem suas oferendas, compostas de indumentária de couro,
arreios e instrumentos usados no pastoreio. No momento da comunhão, a hóstia é
substituída por queijo, rapadura e farinha de mandioca, alimentos do cotidiano
sertanejo.
Vaqueiro ofertando o gibão de couro
Momento da Comunhão
Além da missa, a festa ainda tem vaquejada, apresentações de espetáculos populares, feira de artesanato, cantorias, aboios, forró pé-de-serra e barracas com bebidas e comidas típicas.
Momento da Comunhão
Além da missa, a festa ainda tem vaquejada, apresentações de espetáculos populares, feira de artesanato, cantorias, aboios, forró pé-de-serra e barracas com bebidas e comidas típicas.
Promovido pela Fundação Padre João Câncio, em parceria com a
prefeitura municipal de Serrita e a Associação dos Vaqueiros, o
Governo do Estado, a partir da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de
Pernambuco (Fundarpe), patrocina o evento.
É bom destacar o trabalho de Helena Câncio, viúva e guerreira incansável.
ResponderExcluirNesta reportagem não cabe mencionar o trabalho de Helena Câncio, pois não levei a matéria para essa lado. Desconheço o trabalho dessa senhora. Caso saiba de algo que sirva de destaque , envie texto.
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