Serrita – Na segunda parte do roteiro da
caravana Cremepe/Simepe , uma constatação
surpreendeu a equipe de médicos fiscais do Cremepe: não é possível afirmar que o município de Serrita tem Programa de Saúde da Família. A
Dra. Maria Aléssio, médica fiscal do Cremepe, constatou que o suposto
programa em funcionamento no município apresenta uma série de
irregularidades com relação aos princípios do PSF.
A principal e mais grave é que na
unidade de gestão do programa simplesmente não há os chamados envelopes
da família e os prontuários são individuais. De acordo com a doutora, o
fato demonstra uma completa desqualificação do enfermeiro que comanda o
programa. Ela esclarece que, nas regras de princípio do programa, os
agentes comunitários de saúde identificam as famílias e levam as
informações à enfermeira e/ou enfermeiro, que consolidam as informações.
Como as fichas são individuais, não existe um levantamento do histórico
familiar, prejudicando completamente ações de saúde que beneficiem a
todos. Programas como pré-natal, puericultura, hiperdia (para
hipertensos e diabéticos) e a citologia são feitos individualmente.
Assim, “não há profissional médico que possa cuidar com eficiência de
cada indivíduo sem o apoio das informações do histórico familiar. É com se em Serrita não existissem famílias e sim pessoas, indivíduos”,
afirma Dra. Maria Aléssio. Além do mais o programa funciona nos três
turnos, tem uma farmácia precária e a técnica de enfermagem que atende
no local é uma espécie de faz tudo, que atende, acompanha e até
recomenda a medicação. O PSF recebe repasses federais através do SUS
para cumprir metas e objetivos baseados nas diretrizes do programa. A
médica afirma que, como em Serrita as ações do PSF “destoam
completamente das diretrizes do programa”, há um desperdício dos
recursos destinados a esse fim.
POSITIVO – Mas nem tudo está perdido no
atendimento à saúde da população de Serrita. O Hospital Geral Imaculada
Conceição, a unidade municipal, é um exemplo de boa gestão. Considerado o
segundo maior hospital do sertão, a unidade tem um corpo de médicos e
enfermeiros capacitados e dedicados. Com uma média de 60 atendimentos
diários e vinte partos mensais, o hospital conta com 31 leitos para
internamento, sendo três para a psiquiatria. A estrutura é bem cuidada, a
rotina hospitalar é muito bem acompanhada e a farmácia conta com uma
farmacêutica e todos os medicamentos essenciais para o bom funcionamento
de um hospital. De acordo com os profissionais que atuam no local, a
unidade foi prejudicada com a Emenda 134, que não permite que os médicos
tenham acúmulo de função pública, perdendo alguns profissionais. Mesmo
assim, a direção informou que novos profissionais estão sendo
contratados.
DEBATE – Em Serrita, por absoluta falta
de mobilização, não foi possível ser realizada a exibição do filme Pelo
tempo… pela vida e o debate, que contribuem para os esclarecimentos e
resoluções de problemas pontuais. De acordo com o Dr. Luiz Domingues,
Secretário-geral do Cremepe, “a cidade deixou de ganhar uma boa
oportunidade para discutir e apontar soluções para problemas como os
surgidos com o PSF, por exemplo”.
DESEMPREGO – Um dos principais pontos
destacados nas pesquisas realizadas pelo Cremepe em Serrita é o alto
nível de desemprego. A renda da cidade gira em torno dos salários pagos
pela prefeitura e pelo comércio. É possível se afirmar com convicção que
as obras da Transnordestina e da Transposição do Rio São Francisco, que
passam a apenas 28 quilômetros da cidade, até o momento não trouxeram
nenhum benefício para a economia de Serrita.
Fonte: Caravana Cremepe
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