domingo, 10 de junho de 2012

SERRITA NÃO TEM SAÚDE DA FAMÍLIA


Serrita – Na segunda parte do roteiro da caravana Cremepe/Simepe , uma constatação surpreendeu a equipe de médicos fiscais do Cremepenão é possível afirmar que o município de Serrita tem Programa de Saúde da Família. A Dra. Maria Aléssio, médica fiscal do Cremepe, constatou que o suposto programa em funcionamento no município apresenta uma série de irregularidades com relação aos princípios do PSF.
A principal e mais grave é que na unidade de gestão do programa simplesmente não há os chamados envelopes da família e os prontuários são individuais. De acordo com a doutora, o fato demonstra uma completa desqualificação do enfermeiro que comanda o programa. Ela esclarece que, nas regras de princípio do programa, os agentes comunitários de saúde identificam as famílias e levam as informações à enfermeira e/ou enfermeiro, que consolidam as informações. Como as fichas são individuais, não existe um levantamento do histórico familiar, prejudicando completamente ações de saúde que beneficiem a todos. Programas como pré-natal, puericultura, hiperdia (para hipertensos e diabéticos) e a citologia são feitos individualmente. Assim, “não há profissional médico que possa cuidar com eficiência de cada indivíduo sem o apoio das informações do histórico familiar. É com se em Serrita não existissem famílias e sim pessoas, indivíduos”, afirma Dra. Maria Aléssio. Além do mais o programa funciona nos três turnos, tem uma farmácia precária e a técnica de enfermagem que atende no local é uma espécie de faz tudo, que atende, acompanha e até recomenda a medicação. O PSF recebe repasses federais através do SUS para cumprir metas e objetivos baseados nas diretrizes do programa. A médica afirma que, como em Serrita as ações do PSF “destoam completamente das diretrizes do programa”, há um desperdício dos recursos destinados a esse fim.
POSITIVO – Mas nem tudo está perdido no atendimento à saúde da população de Serrita. O Hospital Geral Imaculada Conceição, a unidade municipal, é um exemplo de boa gestão. Considerado o segundo maior hospital do sertão, a unidade tem um corpo de médicos e enfermeiros capacitados e dedicados. Com uma média de 60 atendimentos diários e vinte partos mensais, o hospital conta com 31 leitos para internamento, sendo três para a psiquiatria. A estrutura é bem cuidada, a rotina hospitalar é muito bem acompanhada e a farmácia conta com uma farmacêutica e todos os medicamentos essenciais para o bom funcionamento de um hospital. De acordo com os profissionais que atuam no local, a unidade foi prejudicada com a Emenda 134, que não permite que os médicos tenham acúmulo de função pública, perdendo alguns profissionais. Mesmo assim, a direção informou que novos profissionais estão sendo contratados.

DEBATE – Em Serrita, por absoluta falta de mobilização, não foi possível ser realizada a exibição do filme Pelo tempo… pela vida e o debate, que contribuem para os esclarecimentos e resoluções de problemas pontuais. De acordo com o Dr. Luiz Domingues, Secretário-geral do Cremepe, “a cidade deixou de ganhar uma boa oportunidade para discutir e apontar soluções para problemas como os surgidos com o PSF, por exemplo”.

DESEMPREGO – Um dos principais pontos destacados nas pesquisas realizadas pelo Cremepe em Serrita é o alto nível de desemprego. A renda da cidade gira em torno dos salários pagos pela prefeitura e pelo comércio. É possível se afirmar com convicção que as obras da Transnordestina e da Transposição do Rio São Francisco, que passam a apenas 28 quilômetros da cidade, até o momento não trouxeram nenhum benefício para a economia de Serrita.

Fonte: Caravana Cremepe

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