sexta-feira, 8 de março de 2013

"O VALOR DAS COISAS"

Morre em Recife, dia 27 de abril de 2011 no Hospital Jaime da Fonte a última filha do casal Coronel Chico Romão e Maria Maia Arraes Sampaio (Dona Maroca) LAURA MAIA SAMPAIO CANEJO.

Meus amigos e parentes leiam e façam uma reflexão sobre tudo aquilo que nos cercam e que fazem parte da nossa história em Serrita. O VALOR DE MANTER NOSSA IDENTIDADE E NOSSA HISTÓRIA.

Agradeço ao primo Augusto Sampaio Angelim pela belíssima crônica que escreveu quando foi ao velório de minha mãe Laura Maia Sampeio Canejo em 28/04/2011 em sua terra natal Serrita.
 

"O VALOR DAS COISAS"

Sexta-feira passada estive em Serrita, aonde nasci para cumprir um compromisso doloroso que foi o enterro de uma tia. Nos últimos vinte anos foram poucas às vezes em que estive na igreja local, consagrada a Nossa Senhora da Conceição, embora há dois anos atrás tenha batizado Heitor, meu filho mais novo, porém era dia de festa e tive pouco tempo para pensar nas coisas que agora relato na tela do computador. O velório dessa minha tia ocorreu na própria igreja, por razões particulares e sendo assim, passei parte da madrugada dentro da velha igreja e foram inevitáveis as lembranças da infância. As primeiras missas, o catecismo, os casamentos e, infelizmente, os enterros, entre esses o de meu pai e o de minha avó paterna, foram as lembranças que mais ecoaram na minha memória.

A igreja sofreu inúmeras alterações no seu interior, ao sabor da vontade dos párocos e dos tempos. O velho e majestoso altar foi retirado do vão central do edifício, assim como desapareceram os altares laterais e seus santos esculpidos em madeira. Não existe mais a pia em que fui batizado, bem assim como os lustres que iluminavam meus olhos de menino. Não sei o destino dessas coisas, embora tenha ouvido comentários maliciosos a respeito das administrações eclesiásticas que dirigiram os destinos daquela igreja. Os tradicionais bancos de madeira escura foram substituídos por outros tão novos e sem nenhuma marca do tempo que até destoam do conjunto.

Nas horas em que estive na igreja meditei a respeito dessas mudanças e no verdadeiro valor das coisas e me convenci, mais ainda, que esse valor provém de nossas próprias idéias, aspirações, expectativas e desejos, enfim, da forma como pensamos o mundo e tecemos nossa própria história. Isto porque, como a igreja, eu também mudei muito em todos estes anos, assim como mudaram todos os meus conhecidos que foram ao velório e eu não estou me referindo apenas ao passar dos anos. Perdas, decepções, conquistas, vitórias, paciência, imprudência, sabedoria eram marcas visíveis nos homens e mulheres que foram prestar homenagens á falecida e solidariedade aos familiares. E, no meu íntimo, a igreja, apesar das reformas, continua acolhedora e guardiã de parte das minhas memórias.

Augusto Sampaio Angelim

Nenhum comentário:

Postar um comentário