Crato. Um pequeno grupo formado por agricultores familiares
decidiu apostar na produção de uvas, através de plantios em pequenas áreas
localizadas neste município e em algumas outras cidades da região. Ao todo, são
13 produtores, divididos territorialmente entre Crato, Barbalha e Santana do
Cariri, unidos pelo sonho da expansão da área produtiva e na criação de uma
cooperativa capaz de comercializar o fruto colhido para outras regiões do País
e, até mesmo, para o exterior.
Inicialmente, a área utilizada pelos produtores para o
plantio dos parreirais é de cerca de um hectare. Embora pareça pequeno, o
espaço é suficiente para uma produção estimada entre 25 e 30 toneladas de uvas
por safra. A cada ano, é possível realizar até duas colheitas da fruta.
Foto: Roberto Crispim |
Investir na produtividade da uva de mesa, a recorrente entre os produtores,
demanda alguns custos. Para cada hectare plantado o investimento pode chegar
até R$ 50 mil. Os valores são gastos, principalmente, na compra de arame para
confecção de telas, estacas para fixação, além de aspersores e demais
equipamentos para irrigação da área escolhida para o plantio.
No caso dos pequenos produtores, o investimento realizado para o início da produção em área de até um hectare acontece uma única vez. O lucro, segundo afirmam, começa a ser percebido a partir do segundo ano de produção. Cada planta tem vida útil estimada em até 40 anos. Quando a cultura é iniciada em um novo espaço produtivo, é necessária a aquisição de mudas da espécie escolhida para o plantio da fruta.
Preferência
Na região, os tipos de uvas preferidos pelos produtores são a Niágara Paulista, Itália Melhorada e Benitaka. E possível, inclusive, adquirir mudas destas espécies na própria região do Cariri.
No Sítio Romualdo, na zona rural de Crato, por exemplo, o plantio de uvas é feito pela família de seu Zeca do Romualdo, como prefere ser chamado. A atividade foi iniciada em 2011 sem que, naquela ocasião, houvesse muita confiança do agricultor de que a nova cultura pudesse realmente gerar lucros e interesse de expansão da produção nos anos seguintes pela família. Hoje, no entanto, eles comemoram os bons resultados e já admitem ampliar a área de plantio a partir do próximo ano.
A orientação no manejo e do uso de tecnologias que possam favorecer aos agricultores na melhoria da qualidade da uva produzida é repassada pelo técnico agrícola Francisco Iran de Andrade, que além de trabalhar em um dos escritórios regionais da Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural do Ceará (Ematerce), também é produtor de uvas do tipo Niágara Paulista.
O aprendizado em relação à produção dos parreirais foi adquirido em Petrolina, no estado de Pernambuco. "Havia muita produção de uvas devido à facilidade do uso da água e a qualidade do solo", comenta o produtor.
Favorecimento
Ele explica que o Cariri, embora apresente altas temperaturas constantemente, também possuí solo propício para o cultivo de uvas e que existem mananciais suficientes para garantir o uso de irrigação nas plantações. "O sistema é simples e o gasto de água é pequeno. Através de sistema de gotejamento, inclusive, há condições de se garantir uma excelente produção de uvas, com a qualidade da fruta mantida, além do sabor adocicado e da baixa acidez da fruta", garante. Diferente do que acontece em outras regiões onde há cultivo de uvas, no Cariri os plantios não são realizados de maneira consorciada. Cada planta possui espaçamento de 3 metros por 2,5 metros, o que facilita o surgimento de maior número de ramas, conforme os próprios produtores. "Muita gente planta consorciado com outra cultura. No entanto, esse tipo de cultivo pode gerar o surgimento de pragas que também venham a ocasionar perda de qualidade na produção das uvas", avalia.
Conforme afirma, os produtores da região utilizam produtos preventivos para o combate de pragas e há, também, uso de fertilizantes minerais e orgânicos para adubação dos plantios. "Na região, as principais preocupações são em relação ao míldio e oídio, ocasionados por fungos que são combatidos por tratamentos específicos", ressalta Francisco Iran.
Ele garante que a fruta produzida na região possuí alta qualidade e que já há mercado para a comercialização da produção nas áreas pertencentes aos agricultores que compõem o grupo. Depois de colhidos, os cachos de uvas são vendidos à Ceasa Cariri, na divisa dos municípios de Barbalha e Juazeiro do Norte.
No Cariri, as frutas também encontram compradores. A maioria dos mercados públicos comercializa as uvas cultivadas pelos pequenos produtores. A meta, dentre as mais modestas, é expandir-se pelas redes de supermercados.
Mais informações:
Escritório Regional da Ematerce
Rua Santa Cecilia, 208
Bairro do Socorro
Juazeiro do Norte
Telefone: (88) 3102.1182
Fonte: Diário do Nordeste
ROBERTO CRISPIM
COLABORADOR
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