sexta-feira, 11 de outubro de 2013

DELMIRO FILGUEIRA SAMPAIO E A REVOLUÇÃO DE 1932 EM SÃO PAULO

Os Sampaio aparecem na genealogia portuguesa provenientes de Vasco Pires de Sampaio, filho de Pedro Álvares Osório, da Casa de Vila- Lobos, Conde de Trastamara, primeiro Marques de Astorga, na Galiza. O toponímico Sampaio era uma localidade dentro do conselho de Portugal, de Vila Flor, de onde originou a raiz genealógica dos Sampaio.

O nome Sampaio foi uma construção tirada do latim Sanctus Pelagius (Santo Pelágio) que deu origem ao termo “Sampeaio” e por consequência deste a Sampaio. (No dia 26 de Junho, celebra-se a festa de São Pelágio ou São Paio, em Portugal).

A origem dos Sampaio de Barbalha (nome que deu origem a um município no Ceará) foi através do português José Quezado Filgueira Lima, pai dos capitães mores José Pereira Filgueira e Romão Pereira Filgueira, unidos posteriormente com os da família Sampaio. 

No Brasil no século 19, houve um deslocamento migratório devido a grande seca que assolava a região do Cariri, Ceará, em busca de novas terras de cultura e pastagens. Entre esta onda migratória estava Miguel Torquato de Bulhões, que se instalou às margens do Riacho Traíras, dando assim inicio ao município de Serrinha, alterado posteriormente para Serrita. Neste ainda incipiente povoado instalou-se em 1896, Romão Pereira Filgueira Sampaio, vindos de Jardim, Ceará e seu cônjuge, Idalina Gonçalves Lima e filhos, ela era natural de Serra Talhada, Pernambuco.


O Coronel Romão Pereira Filgueira Sampaio, assumiu o município de Salgueiro, assentando da cadeira como primeiro prefeito desta localidade. 

Parece que os registros historiográficos de sua primeira esposa perderam-se no tempo, mas parece existir referências de seu filho que atendia pelo cognome de Padre Quezado, e que se casou bem jovem e que consta ter tido um único filho, Alzir, que se tornou sacerdote e estava a serviço na Paróquia de Lavras da Mangabeira, da Diocese de Crato, Ceará.

Consta uma lista grande de herdeiros, em ordem alfabética, entre eles Delmiro Figueira Sampaio.

Alfredo Figueira Sampaio, Antonio Figueira Sampaio, Aparício Figueira Sampaio, Benevido(ou Benevides) Figueira Sampaio, Caraciole Figueira Sampaio, Delmiro Figueira Sampaio, Enedina Figueira Sampaio, Esmerindo Figueira Sampaio,Felinto Figueira Sampaio,Francisca Theodora Figueira Sampaio, Francisco Figueira Sampaio (Chico Romão), Galdino Figueira Sampaio, Gracilina Figueira Sampaio, Gumercino Figueira Sampaio,  Joaquim Figueira Sampaio,José Figueira Sampaio, Laura Figueira Sampaio, Maria Idalina Figueira Sampaio,Maria José Figueira Sampaio, Maria Luzia Figueira Sampaio, Martiniana Figueira Sampaio, Merandulina Figueira Sampaio, Minervina Figueira Sampaio, Romão Figueira Sampaio Fº., Theodomiro Figueira Sampaio, 

DELMIRO FILGUEIRA (S) SAMPAIO
(Voluntário da Revolução Constitucionalista de 1932)


No combate travado pela Companhia Isolada do Batalhão Santo Amaro, em Lajeado, distante sete quilômetros de Xiririca[1], frente litoral sul, Delmiro Sampaio morreu a 2 de outubro de 1932, alcançado em cheio por uma rajada de metralhadora, única baixa registrada da Companhia Isolada.

Ele se afastara dos companheiros na direção do adversário aponto de desarticular-se. Pressentido, foi visado e morto. À época contava com aproximadamente 22 anos.


Sepultado no próprio local de sua morte, seus despojos foram posteriormente trazidos para Santo Amaro e em 1957 foi transladado ao Mausoléu aos Revolucionários de 1932, no Ibirapuera, São Paulo.  


DOCUMENTO DE TRANSLADO PARA O MONUMENTO AO SOLDADO CONSTITUCIONALISTA DOS DESPOJOS DE DELMIRO FILGUEIRA(S) SAMPAIO, E OUTROS COMBATENTES, OCORRIDO EM 1957.
Foi uma revolução de muitos nomes de várias partes do Brasil e de sobrenomes estrangeiros, unidos em único ideal.  Ficou Voluntário Delmiro Filgueira Sampaio conhecido em Santo Amaro com o apelido de “Pernambuco” e nos registros oficiais o seu nome consta como Filgueiras, no plural.

CERIMONIAL DO SEPULTAMENTO DOS RESTOS MORTAIS DOS VOLUNTÁRIOS

 
                      ORAÇÃO ANTE A ÚLTIMA TRINCHEIRA
                           (Poesia de Guilherme de Almeida)


Agora é o silêncio...
É o silêncio que faz a última chamada...
É o silêncio que responde:
— "Presente!"

Depois será a grande asa tutelar de São Paulo,
asa que é dia, e noite, e sangue, e estrela, e mapa
descendo petrificada sobre um sono que é vigília.

E aqui ficareis Heróis-Mártires, plantados,
firmes para sempre neste santificado torrão de
chão paulista.

Para receber-vos feriu-se ele da máxima
de entre as únicas feridas na terra,
que nunca se cicatrizam,
porque delas uma imensa coisa emerge
e se impõe que as eterniza.

Só para o alicerce, a lavra, a sepultura e a trincheira
se tem o direito de ferir a terra.

E mais legítima que a ferida do alicerce,
que se eterniza na casa
a dar teto para o amor, a família, a honra, a paz.

Mais legítima que a ferida da lavra,
que se eterniza na árvore
a dar lenho para o leito, a mesa, o cabo da enxada,
a coronha do fuzil.

Mais legítima que a ferida da sepultura,
que se eterniza no mármore
a dar imagem para a saudade, o consolo, a benção,
a inspiração.

Mais legítima que essas feridas
é a ferida da trincheira,
que se eterniza na Pátria
a dar a pura razão de ser da casa, da árvore
e do mármore.

Este cavado trapo de terra,
corpo místico de São Paulo,
em que ora existis consubstanciados,
mais que corte de alicerce, sulco de lavra,
cova de sepultura,
é rasgão de trincheira.

E esta perene que povoais é a nossa última trincheira.

Esta é a trincheira que não se rendeu:
a que deu à terra o seu suor,
a que deu à terra a sua lágrima,
a que deu à terra o seu sangue!

Esta é a trincheira que não se rendeu:
a que é nossa bandeira gravada no chão,
pelo branco do nosso Ideal,
pelo negro do nosso Luto,
pelo vermelho do nosso Coração.

Esta é a trincheira que não se rendeu:
a que atenta nos vigia,
a que invicta nos defende,
a que eterna nos glorifica!

Esta é a trincheira que não se rendeu:
a que não transigiu,
a que não esqueceu,
a que não perdoou!

Esta é a trincheira que não se rendeu:
aqui a vossa presença, que é relíquia,
transfigura e consagra num altar
para o voo até Deus da nossa fé!

E pois, ante este altar,
alma de joelho à vós rogamos:
— Soldados santos de 32,
sem armas em vossos ombros,
velai por nós!;
sem balas na cartucheira,
velai por nós!;
sem pão em vosso bornal,
velai por nós!;
sem água em vosso cantil,
velai por nós!;
sem galões de ouro no braço,
velai por nós!;
sem medalhas sobre o cáqui,
velai por nós!;
sem mancha no pensamento,
velai por nós!;
sem medo no coração,
velai por nós!;
sem sangue já pelas veias,
velai por nós!;
sem lágrimas ainda nos olhos,
velai por nós!;
sem sopro mais entre os lábios,
velai por nós!;
sem nada a não ser vós mesmos,
velai por nós!;
sem nada, senão São Paulo,
Velai por nós!




Despojos do voluntário DELMIRO FILGUEIRA SAMPAIO
combatente da Companhia Isolada do Batalhão de  Santo Amaro – São Paulo







Referências:

Cruzes Paulistas: Os que Tombaram, em 1932, pela Glória de Servir São Paulo. São Paulo: Empreza Graphica da “Revista dos Tribunaes”, 1936.

Quartin, Yone.O Mackenzie na Revolução de 32. São Paulo: Edicon, 1ª Edição, 1995.

Amaral, Pedro Ferraz do. A Guerra Cívica-1932. São Paulo: Ed. Escolas Profissionais Salesianas, 1982.

[1] (Freguesia criada em 19 de janeiro de 1763, subordinada a Iguape, tornou-se vila pela Lei nº. 28 de 10 de março de 1842, e elevado à cidade pela Lei nº. 10, em 24 de maio de 1895. Pela Lei estadual nº. 233, de 24 de dezembro de 1948, quando houve alteração toponímica e passou a denominar-se Eldorado).

Agradecimento ao historiador Carlos Fatorelli que autorizou a publicação de sua pesquisa.
______________________________

NOTA:

Em 1896, fixou residência no povoado o coronel Romão Pereira Figueira Sampaio e familiares vindos de Jardim/Ceará. Tornou-se chefe político do povoado e o 1º Prefeito de Salgueiro. Já próximo de sua morte em 30 de abril de 1918 passou o comando político para um dos seus filhos, Francisco Filgueira Sampaio/Chico Romão, que já executava estas funções em Serrinha.

O CORONEL ROMÃO PEREIRA FILGUEIRA SAMPAIO teve 25 filhos com 4 mulheres. Não há registro sobre o nome da primeira mulher e nem do filho, apenas que tinha o apelido de Padre Quesado e casou-se muito jovem. Há registro de um único filho chamado Alzir Sampaio que se tornou padre da Paróquia de Lavras da Mangabeira pertencente a Diocese do Crato/Ceará.

PAIS do Coronel Romão Pereira Filgueira Sampaio: JOAQUIM MANOEL SAMPAIO E FRANCISCA QUEZADO MARTINS FILGUEIRA.

Casou-se com IDALINA GONÇALVES LIMA natural de Serra Talhada com quem teve 08 filhos:

1- Theodomiro Filgueira Sampaio – Foi prefeito de Jardim/CE.
2 - Antonio Filgueira Sampaio
3 - Gumercino Filgueira Sampaio – Foi 2 vezes prefeito de Salgueiro.
Nascimento:15-04-1897 – Falec. 19-11-1993
4 - Galdino Filgueira Sampaio – 1º prefeito de Serrita nomeado por 6 meses
5 - Romão Filgueira Sampaio Filho – Foi prefeito de Exú
6 - Martiniana Filgueira Sampaio – conhecida como Dona Filgueira
7 - Francisca Theodora Filgueiras Sampaio – Tia Chiquinha
8 - Maria Filgueira Sampaio
9 - Esmerino Filgueira Sampaio

FILHOS COM IDALINA RODRIGUES DE MELO

1 - Francisco Filgueira Sampaio - Coronel Chico Romão - chefe de Serrita
Nascimento:16/10/1887 – falec.: 22/05/1964
2 - Alfredo Filgueira Sampaio
3 - José Filgueira Sampaio – Foi prefeito de Bodocó/PE, conhecido como Zé Romão.
Falecimento: 1965
4 - Laura Filgueira Sampaio
5 - Minervina Filgueira Sampaio
6 - Merandulina Filgueira Sampaio – Tia Duzinha
7 - Maria Idalina Filgueira Sampaio - Nascimento 13-06-1884 Falec.: 29/09/1948

FILHOS COM LUZIA DE OLIVEIRA ROCHA

1 - Caraciole Filgueira Sampaio
2 - Aparicio Filgueira Sampaio
3 - Felinto Filgueira Sampaio - Nascimento: 1910-
falec.: 1983
4 - Benevides Filgueira Sampaio
5 - Delmiro Filgueira Sampaio
6 - Gracilina Filgueira Sampaio
7 - Enedina Filgueira Sampaio
8 - Maria Luzia Filgueira Sampaio

Colaboração:Francisco Sampaio e João Bosco Sampaio Canejo
Arquivo - Fátima Canejo.

 ______________________________


A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932, REVOLUÇÃO DE 1932 OU GUERRA PAULISTA

Foi o movimento armado ocorrido no Estado de São Paulo, Brasil, entre os meses de julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo a derrubada do Governo Provisório de Getúlio Vargas e a promulgação de uma nova constituição para o Brasil.

Foi uma resposta paulista à Revolução de 1930, a qual acabou com a autonomia de que os estados gozavam durante a vigência da Constituição de 1891. A Revolução de 1930 impediu a posse do ex-presidente (atualmente denomina-se governador) do estado de São Paulo, Júlio Prestes, na presidência da República e derrubou do poder o presidente da república Washington Luís colocando fim à República Velha, invalidando a Constituição de 1891 e instaurando o Governo Provisório, chefiado pelo candidato derrotado das eleições de 1930, Getúlio Vargas.

Atualmente, o dia 9 de julho, que marca o início da Revolução de 1932, é a data cívica mais importante do estado de São Paulo e feriado estadual. Os paulistas consideram a Revolução de 1932 como sendo o maior movimento cívico de sua história.

Data da Revolução: 9 de julho de 1932 a 2 de outubro 1932
Local: Todo estado de São Paulo e sul do Mato Grosso (atualmente Mato Grosso do Sul), Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Resultado: Vitória militar do Governo Provisório; Constituição brasileira de 1934.

A lei 2.430, de 20 de junho de 2011, inscreveu os nomes de Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, o MMDC, heróis paulistas da Revolução Constitucionalista de 1932, no Livro dos Heróis da Pátria.
Foi a primeira grande revolta contra o governo de Getúlio Vargas e o último grande conflito armado ocorrido no Brasil.

No total, foram 87 dias de combates (de 9 de julho a 4 de outubro de 1932 - sendo os últimos dois dias depois da rendição paulista), com um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas, não oficiais, reportem até 2200 mortos, sendo que numerosas cidades do interior do estado de São Paulo sofreram danos devido aos combates.

São Paulo, depois da revolução de 32, voltou a ser governado por paulistas, e, dois anos depois, uma nova constituição foi promulgada, a Constituição de 1934.

Fonte: Wikipédia

 




Nenhum comentário:

Postar um comentário