“Estou aqui para confundir, não para explicar”.
O bordão é do saudoso apresentador de TV Abelardo Barbosa, o Chacrinha. Com seu jeito espalhafatoso e escrachado, o comunicador alegrava as tardes de sábado dos brasileiros com o programa Cassino do Chacrinha.
Passados 25 anos da morte do Velho Guerreiro, o pré-candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, subiu à tribuna do Senado para se apropriar indiscriminadamente do bordão de Chacrinha.
Ao se referir ao leilão do campo de Libra, do pré-sal, disse, em tom de ironia, que o governo fez a “maior privatização da história brasileira”.
Na sua estratégia de mais confundir do que explicar, Aécio ou ignora a história do partido do qual tornou-se uma das principais lideranças, ou rejeita a semântica. Vamos lá.
Privatização significa passar para o domínio privado o que é do poder do Estado. Foi o que o governo FHC fez,por exemplo, em 1997, com a mineradora Vale do Rio Doce.
Maior produtora de ferro do mundo, a companhia foi vendida por 3,3 bilhões de dólares – dinheiro que escorreu para o ralo da dívida pública nominal. Em 2011, seu valor de mercado era de 190 bilhões de dólares. E o Estado ficou de mãos abanando.
Concessão, por sua vez, é quando o governo concede licença para exploração por um tempo determinado. O patrimônio continua com o Estado. No leilão de Libra, o modelo adotado foi de partilha, em que 85% da riqueza fica com o governo e a gestão e a fiscalização das operações serão feitas pela Petrobras.
O retorno será de mais de 1 trilhão de reais em 30 anos, com parte dos investimentos carimbados para saúde e educação.
Quem não entendeu isso, pode voltar a sintonizar no Cassino do Aécio e viver a fantasia de um mundo neoliberal povoado de chacretes a gritar:
Quem quer bacalhau?
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