domingo, 29 de setembro de 2013

SERRITA, IMPÉRIO AUTOCRÁTICO DO CORONEL CHICO ROMÃO



Um município onde uma só vontade predomina e atua – Quando o juiz tentou ficar neutro, teve de imigrar sem um copo dágua para beber ou um amigo para falar – A pitoresca figura desse mandachuva da caatinga, que é, ao mesmo tempo, a sociedade e a lei – Braços do feudo chegam ao Ceará – Desaparecidas, o coronel é uma presença invisível naquela cidadezinha traumatizada.

- O SENHOR vai mesmo a Serrita? Perguntavam, inquietas as pessoas, desde que o nosso automóvel começou a rodar para Salgueiro, deixando para trás o São Francisco. Da Feria de Santana até, passando por Serrinha, Euclides da Cunha, Tucano, Canudos, Jatinam, e em todo o percurso da rodovia central de Pernambuco, de Salgueiro, Serra Talhada, Arcoverde, Pesqueira, Caruaru ao Recife, SERRITA é um nome mágico que empolga a imaginação e alimenta fantasias. Vezes inúmeras nos detivemos ao longo dos caminhos, sob aquele sol inclemente da caatinga nordestina, para ouvir histórias daquele espantoso reduto de um poder pessoal que não encontra paralelo em qualquer parte deste país.

Chico Romão passeia tranquilamente no Recife. O ar sombrio envolve a aparência do célebre Coronel de Serrita

Nos dias atuais, o nome de SERRITA ligado ao de CHICO ROMÃO é uma espécie de “background” de um dos crimes que mais emocionaram o nordeste. Mas, antes mesmo que aquele “comando” do cangaço se abastasse do sertão para um ajuste de contas sangrento e odioso em pleno coração do Recife, não havia pernambucano, letrado, que não se tivesse debruçado sobre os mapas para indicar naquela localidade perdida nas distâncias, mundo fabuloso que nasceu, cresce, progride, se rejubila ou sofre sob o império de uma só vontade e ao sopro de uma única inspiração. Em várias eleições, Serrita foi o desespero da oposição, e, sobre as urnas invioláveis de CHICO ROMÃO, repousou Agamenon, na certeza de que funcionara como um maquinismo de precisão, aquele eleitorado monotonamente uniforme e disciplinado. Mais do que isso: mesmo quando as divisões partidárias levaram ramos mais inquietos do clã a uma atitude destoante no campo político, era aquela numa esfera distante que não tocava a liderança indiscutível desse caudilho da caatinga, em cuja cintura nunca se viu um revólver e nem uma daquelas clássicas peixeiras que as ocasiões fazem brotar por encanto, nos ajustes de contas das estradas ermas.
 

CHICO FAZ O SEU MUNDO

Até parece que o mundo de CHICO ROMÃO começa ali em Salgueiro, naquela esquina movimentada do Nordeste, símbolo dessa civilização sobre rodas que está invadindo o interior. O arrendatário do hotel nos diz que é ele uma propriedade de uma irmã de Chico e mesmo em frente, está à mercearia de Filinto Sampaio, seu irmão. Durante muitos anos, o coronel fez política em Salgueiro, mas o que ele queria era o seu próprio feudo, onde uma vontade autocrática exercesse sem contraste, o seu domínio.
Foi assim que nasceu Serrinha, um distrito municipal, enfiado num fundo de montanhas e que se isola do mundo no inverno inteiro pela precariedade do seu ramal rodoviário.

Quando se fez a revisão dos nomes dos municípios constou que o técnico em nomenclatura municipal, Mario Melo tinha um para lhe impor, como tantos outros que nos fizeram desaprender corografia, em 24 horas. Chico preveniu que a mudança deveria fica mesmo em duas (2) letras, pois nunca consentiria numa transformação, que fosse além de sua atual denominação de SERRITA e assim se fez.

A localidade é pequena e parece sempre dormindo, como lembrou certa vez o deputado e sociólogo pernambucano Luiz Magalhães Melo. A trinta quilômetros de Salgueiro, poucos se animam em ir até lá. No conjunto, dá-nos uma ideia de asseio e até de cuidados administrativos. Os prédios públicos são confortáveis, há luz, a água e boa, o mercado amplo, uma igreja bem tratada e um grupo escolar que é uma contrafação de estilo moderno meio despropositado e sem ambiente. O grupo velho é, hoje, o hotel que mestre José afilhado e leal amigo de Chico administra, “mais para agradar o padrinho e completar a féria da carceragem”, por ele até a pouco exercida, segundo nos confessa, enquanto nos conta a história do retrato do velho por cuja reposição ostensiva teve de sustentar discussões com os policiais.


O PALCO DE CHICO. Tranquila, parecendo que sempre dorme, Serrita é um domínio inviolável, onde impera uma só vontade. A cidade, perdida na caatinga, está, assim, deserta e triste pela ausência detestada.

PRESENÇA INVISÍVEL, MAS ATUANTE

Parecia que encontrávamos no hotel o primeiro sintoma da posse. Já, antes, no entanto, nas luzes que brilhavam havia a marca da propriedade do Coronel e, dali, para diante, até o ar estava impregnado daquela presença invisível, mas atuante. No rádio do automóvel, ouvíramos a notícia de que a polícia cercara SERRITA. Evadido CHICO ROMÃO, grande tem sido o empenho dos policiais em lhe deitar a mão. Toda a zona Sampaio, que compreende áreas entre Salgueiro, Serrita, Bodocó e Exú esta sob vigilância severa e intensas investigações e buscas se efetivaram logo em seguida ao mandado de prisão. De Exú, o Major Presciliano Pereira de Morais dirige a operação de busca, assistido, naquele comando, pelo Tenente Olímpio Correia dos Santos. Em Bodocó, está o Tenente Propecio, em Salgueiro, o Sargento Waldomiro e, em Serrita, o suave e jeitoso Tenente José Gonçalves Lopes, com um destacamento de trinta praças, veículos e uma estação de rádio portátil que o coloca em comunicação permanente com a Secretaria de Segurança no Recife.

Os parentes de Chico atribuem à nomeação do Major a amenização das medidas coercitivas que o Tenente Lopes teria tomado a sua chegada. Penetrando numa cidade em que só da Chico, não havia policial, por mais suave que fosse que não tomasse medidas de segurança, tanto mais que devia ele prender um homem que, para o comum dos sertanejos, é um ente inviolável e inatingível. Foi esse o argumento com que o Tenente Lopes explicou a sua conduta.

- O senhor avalia – diz-nos ele – o que é estar aqui para uma tarefa dessas. Não encontro uma só pessoa que preste depoimento num inquérito sobre o Coronel Romão. É um cerco inverso que a população exerce sobre nós.


O Coronel Roberto de Pessoa mobilizou recursos técnicos modernos para a operação da captura de Chico Romão. O cabo opera essa estação de rádio, que emite vários boletins diários ao Secretário de Segurança, no seu QG no Derby, instalado no Recife. Mas, a notícia tão ansiosamente esperada ainda não chegou.
A HISTÓRIA DO JUIZ QUE NÃO BEBIA E NEM CONVERSAVA

Na verdade, o tenente queria muito. Não sabia ele da história daquele juiz de direito, que, desentendido com o Coronel, teve de imigrar para Salgueiro, sem encontrar uma só pessoa que lhe abrigasse o juizado, lhe desse água para beber e o consolo de uma palavra para suavizar a solidão.Vinha da outra cidade para trabalho, com o frito nos alforjes e as garrafas dágua, voltando tão pronto ultimasse as audiências.

Encontramos Serrita num estado de espírito de profunda consternação. Chamo pessoas a esmo, nas ruas, e todas suspiram pela volta do velho numa revivescência agreste do queremismo. Ninguém fala sobre o crime e os poucos que se aventuram para opinar são para dizer que Chico é inocente, “mas se é que ele fez, tinha razão, pois tudo que faz, está bem feito”. Quase nem ousamos pedir informes a seu respeito, para não incorrer na violação do código de segurança que protege o desaparecimento do chefe.

Esmerino Sampaio nos informou que muitas famílias se mudaram e outras estão no interior. A feira, que assistimos, foi fraca, mas não de todo inoperante. E a impressão que a polícia nos dava era a de que cansara de esperar pelo regresso de Chico. O Tenente Lopes engordou onze quilos e queixa-se muito dos queijos de Serrita e de um leite que tem fama de pureza e de proteínas. Na rua, os soldados começam a quebrar a ordem de não confraternizar, mesmo porque quem resiste um mês sem um bate-papo tão ao agrado de policiais destacados? Um deles está popular. Esbelto, bem apresentado, consciente de sua tarefa, não entra na intimidade de Serrita. Por isso mesmo, ganhou um apelido de “Simpatia”, que muitas pessoas nos pediram entendesse pelo método vice-versa.

 
Deputado Esmerino Sampaio

Edmundo Sampaio, irmão de Esmerino


Soldados do destacamento em Serrita, Exu, Bodocó e Salgueiro, estão saturados do isolamento. A ordem de confraternizar tem sido quebrada, mas mesmo assim ninguém obriga a população a se entender bem com policiais que procuram a todo transe capturar o seu coronel.    

DANÇA QUADRILHA, NÃO USA LINHO, FALA POUCO E QUASE NÃO RI

Francisco Filgueira Sampaio, que incorporou ao apelido de CHICO ROMÃO o nome do pai, é o centro desse mundo à parte, o qual a maioria das pessoas não teve notícia da bomba atômica e, para tantas outras não há informações exatas sobre o fim da guerra.

O PATRIARCA, Coronel Romão Pereira Filgueira Sampaio, pai de Chico, que dominou muito tempo a política de Salgueiro e do Cariri
CHALÉ VILA MARIA - Residência do Coronel Chico Romão
As estatísticas mais rigorosas que o mano José Romão nos fornece, dá vinte irmãos vivos, além de quatro mortos, e cerca de seiscentos sobrinhos, sem falar num aguerrido regimento de primos e parentes afins ou colaterais.

BELEZA DA CAATINGA. Laura, mais conhecida como Laurita, uma das filhas do Chefe de Serrita, casada com 8 filhos.
Aos 64 anos, casado com Dona Maroca (Maria Maia Arrais Sampaio), é, ele próprio cearense de Barbalha, enquanto a esposa nos conta, com orgulho, que veio criança do Piauí fazendo lastro numa carga de jumentos. O único filho homem que tem, Francisco Sampaio Filho é comerciante, tendo desistido, cedo, dos estudos, desinteressado igualmente da carreira política. O casal tem sete filhas, sendo duas casadas e quase todas professoras, educadas em Triunfo para não se distanciar muito da terra. Os casamentos, quase sempre ocorrem entre primos e, no estado atual, teríamos que recorrer a operações holeríticas para precisar graus de parentescos. Um primo nos disse: “Nós, aqui, casamos por edital. O velho é quem ajeita tudo e indica a noiva”.


 

A esposa do Coronel de Serrita, D. Maroca: “Só tenho um desejo: que Chico volte. Não compreendo nada disso. Por que fazem essa perseguição? Isso é uma injustiça que o tempo vai demonstrar”.
Geni professora do Grupo Escolar  e Maria diretora do Grupo - filhas do Coronel


PEDINDO A DEUS que devolva o velho à Vila Maria, Terezinha, Neuza e Eletrice, filhas mais novas do Coronel Chico Romão. Estudam em Triunfo, para não se afastar muito de Serrita amada.


Baixo, alvo, meio ruivo com traços holandeses no aspecto, Chico Romão tem hábitos rijamente sertanejos. Deita cedo e as 4 está de pé para o café que compreende, pão de milho com leite. Dirige suas cinco fábricas de coroá, três engenhos e cerca de oito fazendas e está, sempre,  à frente dos negócios próprios e dos do município, do qual é prefeito. É um homem que fala pouco e tem fama de não repetir uma declaração duas vezes. Quase não ri, mas no dia de festa, dança de sobrolho fechado, uma quadrilha da qual participam as suas filhas.

Suas viagens são, de raro em raro ao Recife e ai se hospeda em pensões baratíssimas, porque considera o Grande Hotel incompatível com a maneira de viver dos homens do interior. Nos círculos de suas relações, não há noticia de que tenha visto com roupa de linho ou de casimira. É sempre aquele brim de carregação, tipicamente interior.

Nosso confrade Gomes Maranhão que faz, agora, manchetes na Secretaria de Agricultura, com tratores e algodão, rememora as vezes que Chico esteve em sua repartição para pleitear coisas para Serrita.

Homem precavido, sua infiltração maior foi na política, onde empregava afilhados, amigos e até parentes. Um detalhe curioso é que não é ele filho legítimo do casal, mas se impôs desde cedo, como a figura dominante da família e todos fazem questão de olvidar a circunstância. Em Serrita é magistrado, executivo, legislativo e juiz de paz.

Pilheria-se que o padre da freguesia dava a absolvição, “em nome do Coronel Chico” e sua senhora se queixa de que boa parte das noites foi roubada das amenidades do lar para que fosse ele pacificar esposos desavindos em distritos distantes.

Certa vez no Recife, um amigo, que desesperara da polícia, pediu a colaboração de Chico na tarefa de fazer um casamento que o responsável sonegara de realizar. O Coronel mandou chamar “aquele pilantrinha” e nem precisou muitos esforços: Moço você não quer casar amanhã?  O rapaz rapidamente convertido ás leis morais do matrimônio, não teve outra resposta: “Quero, sim, senhor...” E Chico testemunhava vinte quatro horas depois mais uma união que se iniciara, ilegalmente, nos desvios dos comandos ilícitos.

Coronel Chico Heráclio de Limoeiro/PE e o Coronel Chico Romão de Serrita
OS BRAÇOS DO FEUDO ABRAÇAM O CARIRI

Seu domínio espiritual vai até o lado cearense do cariri, onde o Deputado Federal Leal Sampaio é figura dominante. No Recife, Cid e Leal Sampaio são seus parentes, e o Brigadeiro Macedo como o Coronel Sampson, são primos próximos. Nertan Macedo, seu sobrinho, inquieto e fértil repórter associado que o asfalto do Recife não conseguia “civilizar” de todo, nos conta que a atração da terra sobre a família é tão grande, que o Brigadeiro, reformado da FAB, cria bois em Quixeramobim e nunca perdeu as comunicações com Serrita. Essa história de partido, para Chico, é secundária, o que vale e reter o domínio e ser leal aos amigos.

Em Bodocó, seu irmão José chefia o PTB e quando nós pedimos que nos apresentem aos udenistas (UDN) de Serrita, quem nos aparece, Chico até debaixo dágua, são primos do Coronel, que, de logo, confessam que a “eterna vigilância” cedera, agora, lugar a defesa do clã ameaçado.

Ninguém resiste à atração natural de amparar parentes, mas na escala de Serrita, não deve haver algo parecido no Brasil. A única autoridade não ROMÃO foi o Promotor Manoel Ozório, e agora, os policiais retirados, aqueles que o crime de Apipucos que encontrou nos seus postos.
Vejamos essa lista realmente sensacional:


Prefeito Chico Romão, licenciado por um ano;
Presidente da Câmara e prefeito em exercício, José Xavier Sampaio, genro;
Coletor Estadual, Antonio de Oliveira Sampaio, sobrinho;
Escrivão, Walter Cruz Sampaio, sobrinho;
Diretora do grupo, Maria Lima Sampaio Xavier, sendo outra, professora;
Agente de Correio, Laura Filgueira Sampaio, irmã;
Agente de Estatística, Vadeci da Franca Sampaio, sobrinho;
Tabelião, Otávio Angelim, casado com uma sobrinha;
Chefes da U.D.N. (União Democrática Nacional), os primos e sobrinhos:
Romão da Cruz Sampaio,
Caraciole Filgueira Sampaio,
Antonio Sá Sampaio.


 
Presidente da Câmara e prefeito em exercício, José Xavier Sampaio, genro.Casado com Maria Sampaio

Coletor Estadual, Antonio de Oliveira Sampaio, sobrinho
Agente de Correio, Laura Filgueira Sampaio, irmã
Agente de Estatística, Vadeci da Franca Sampaio, sobrinho
Tabelião, Otávio Angelim, casado com uma sobrinha
Chefes da U.D.N. (União Democrática Nacional), os primos e sobrinhos:Antonio Sá Sampaio.
Romão Cruz Sampaio

Chico é proprietário da usina e dirige, também, a cooperativa agropecuária. Um quadro completo e raro.

Um ardoroso jovem de Missão Velha, e sobrinho Wilson Sampaio, que Edith Lucena recorda como um dos que atirou em seu irmão Edmilson, nos diz, com convicção: “Para mudar isso aqui, o governador deve começar, primeiro, trazendo gente de fora. Aqui mesmo só dá Sampaio”. O trabalhista José Romão, que perdeu um irmão trocando tiros com adversários na praça pública de Bodocó, acrescenta visivelmente orgulhoso: “Não
somos um Estado, como dizem ai pelo Recife, mas na verdade, constituímos um poder para todas as épocas”. Onde houver um Sampaio, Chico conta com um leal amigo, pronto a tudo”. Vários outros bateram no peito de que atirarão até na lua, se Chico mandar, e mensagens semelhantes estão chegando de outros municípios até onde vão às influências da família.

“MATARIA SE O TIO CHICO MANDASSE”, confessa Wilson Sampaio, que acabou de vir de Missão Velha


 
SERRITA OLHA PARA AS GALERIAS DA ASSEMBLÉIA

Serrita é isto. Vida, agonia e paixão de Chico. O bloco Sampaio acredita-se com um eleitorado de 10 mil votos e ramificações extensas em outros “colégios”. Todos se mostram muito ressentidos com o governador. Um primo de Esmerino nos indica os filinhos gêmeos desse deputado e herdeiro presuntivo de Chico e nos conta: “O Otávio Correia queria que o Esmerino desse os nomes de Agamenon e Etelvino.Veja que contrariedade não estaríamos nós, agora, pelo menos na metade”.

É possível que o governador chame de novo Serrita ao aprisco. Mas isso terá que ser feito via Chico Romão. De outro modo, deve haver uma recolonização intensa. Mas poderá fazê-lo? Esmerino Sampaio mostra-se muito atento às galerias da Assembléia. “A opinião do Recife está mudando, informa ele: Já recebemos palmas, quando defendemos Chico”.

Na verdade, a esta altura, dificilmente se separará Serrita do crime de Apipucos. Mais ainda: apesar de aparente suavidade do domínio, é um sistema feudal que encontra a repugnância nas camadas populares do Recife. Por outro lado, a extensão e a profundidade daquele império familiar trazem para a ordem do dia o problema que procuraremos abordar na reportagem seguinte: poderá o Coronel Roberto de Pessoa levar a bom termo a sua tarefa?  A conjugação do esforço policial, dos aviões e das estradas, derrotará os coronéis ou lhes imporá novos métodos de liderança municipal?

Vamos ver isso. Para começo de conversa, o simples fato de que o poderoso caudilho de Serrita foi envolvido em investigações sobre um crime fez deflagrar uma crise política, que contornada agora, será um rastilho quando as definições forem mais oportunas e cômodas. O Deputado João Roma insiste: há uma injustiça em tudo isso porque Chico é inocente. O Governador Agamenon Magalhães reúne três condições para fazer um juízo exato da situação – é um homem de Estado, um sociólogo e um jornalista. Ele sabe que o crime de Apipucos pode ser o começo de uma reforma política e de métodos, jogando por terra uma estrutura solidamente instaurada em Pernambuco. Para os coronéis, muitos dos quais desfilarão impressões na reportagem futura, é este um tema fascinante, que a sua comunidade encara jogando por terra  uma reforma pol Chico. com uma rara consciência de classe e uma aguda atenção aos movimentos da ofensiva deflagrada por aquele “servicinho mal feito” de Apipucos, como o consideram alguns caudilhos do agreste e do sertão.  


Revista “O Cruzeiro” – 1 de março de 1952
Texto: Neiva Moreira
Fotos: Utaro Kanai

Reportagem sobre o Coronel Chico Romão que foi acusado de ser o mentor intelectual do crime de Apipucos, foi digitalizada na íntegra por Fátima Canejo em 29 de setembro de 2013 – Natal-Rio Grande do Norte.

Agradecimento a  Profª.Ms. Elizabeth Johansen, Diretora Técnica do Museu Campos Gerais da Universidade Estadual de Ponta Grossa, que gentilmente enviou cópias da revista para digitalização.

Próximas publicações:

CHICO ROMÃO O ÚLTIMO DOS GRANDES CORONÉIS
O CANGAÇO DESEMBARGA NO CAPIBARIBE
OS CORONÉIS TOPAM A PARADA
O ASSASSINATO DO CORONEL CHICO ROMÃO
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Nota
Francisco Filgueira Sampaio – Chico Romão foi casado com Dona Maroca – Maria Maia Arrais Sampaio com quem teve 07 filhos:

01 - Antenor
02 - Esmerindo
03 - Expedito
04 - Rivadenira
05 - Idalina
06 - Maria Arrais Maia Sampaio Filha
07 - Laura Arrais Maia Sampaio

OBS.: Os filhos: Antenor, Esmerindo, Expedito, Rivadenira e Idalina, morreram quando crianças.

A filha Maria, conhecida como Maroquinha era a mais velha e tinha uma deficiência visual, e por esta condição, aproximava-se mais do pai.

Laura conhecida como Laurita, casou-se com Rogério Sampaio Canejo com quem teve 12 filhos.

O Coronel Chico Romão também teve 05 filhas e 01 filho com Maria Alta de Lima (Alta)

01 - Francisco Filgueira Sampaio Filho – (Tita) que tomou gosto pela política e foi vereador de Serrita em 1954/1958 e deputado estadual – 1958/1970.

02 - Geni
03 - Neuza
04 - Eletrice
05 - Tereza
06 - Maria

Obs.: Todos os filhos viviam no Chalé Vila Maria, residência do Coronel e Dona Maroca.  As filhas estudavam em Triunfo. 

Com a morte de Dona Maroca em 06 de abril de 1958 o coronel Chico Romão casou-se pela segunda vez com a professora Neuma Maria de Brito de Jardim/CE, em 02/09/1958. Não tiveram filhos, mas adotaram uma sobrinha do Coronel, filha natural do seu sobrinho Álvaro Xavier Sampaio. Seu nome era Marlene de Brito Sampaio.
 

Francisco Filgueira Sampaio, filho do Coronel Romão Pereira Filgueira Sampaio e Idalina Rodrigues, nasceu em Salgueiro em 16/10/1887 e faleceu na mesma cidade em 22/05/1964 com 76 anos, vítima de assassinato.

Maria Arrais Maia Sampaio (Dona Maroca) filha de José do Monte Maia e Inácia da Glória Maia, nasceu em 20/08/1885 em Aurora/CE, e faleceu em Serrita no dia 06/04/1958 com 72 anos de idade em conseqüência de complicações cardíacas.

Arquivo: Fátima Canejo.
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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

ATITUDE DE EDUADO “FOI CANALHICE”, DIZ CIRO GOME



 
O 'fogo' acima dá ideia do verdadeiro teor das articulações dentro do PSB envolvendo seu presidente nacional e o governador cearense.
Até agora a versão que se vinha tentando passar era de ‘bandeira branca’, com gestos supostamente elegantes, pacíficos, de parte a parte. O ‘estouro’ de Ciro, às vésperas do desmame do partido de Eduardo, foi ontem ao jornalista Gerson Camarotti, no portal G1, do Globo. Ciro até agora até que vinha calado vendo seu irmão dentro da ciranda para deixar o PSB sem maiores sequelas políticas para ele e seu grupo.
COISA DE CANALHA

''Por essa eu não esperava. Isso para mim é coisa de canalha. Essa forma de fazer, eu nunca esperei. Fiquei chocado. Se não queria que a gente ficasse no partido, por que não disse? Isso foi uma canalhice'', desabafou Ciro, que ressaltou ser esta uma posição pessoal e que não falava em nome de Cid, revelou Camarotti.
Ciro externou surpresa e decepção com o fato de o PSB ter convidado para se filiar ao partido a ex-prefeita Luizianne Lins (PT), desafeta do grupo político do governador Cid Gomes. “Eles convidaram a nossa adversária para entrar no partido. Convidou a Luizianne. Isso é provocação”, enfatizou.
CONCILIADOR
Segundo ainda o jornalista de O Globo, Ciro revelou que nos últimos meses tentou conciliar a relação de Eduardo Campos com a presidente Dilma Rousseff. E que chegou a conversar pessoalmente com o presidente do PSB nessa tentativa de reaproximação. Lembrou ainda que fez críticas públicas à articulação política do governo Dilma.“Me decepcionei muito. Vou seguir o Cid. O ambiente ficou deteriorado”,  avisou o ex-ministro, que atualmente é secretário de Saúde do Ceará.
Ainda no início da tarde ontem, na sede do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília, onde participou de um seminário sobre infraestrutura, Ciro Gomes repetiu o ataque: “Não precisava descambar para o acanalhamento definitivo. Deveria ter um mínimo de compostura”.
QUE PALANQUE? 
Ao definir que o PSB entregaria os cargos federais, Eduardo Campos, segundo Ciro, agiu “de forma truculenta” e com “falta de respeito”. “É preciso ter um mínimo de dignidade. Eduardo sabe que me deve em termos de correção moral, de caráter, de decência”, disparou. Ciro afirmou ainda que seu irmão foi franco ao dizer ao colega pernambucano que a provável candidatura dele ao Palácio do Planalto não seria oportuna.
“Agora que o partido participa com dois ministérios e as vantagens inerentes de estar no governo, apresenta candidatura para quê?”, criticou o ex-ministro, que completou: “O PSB tem seis governadores. Qual vai dar palanque exclusivo para Eduardo? Olha que pergunta constrangedora”, disse, referindo-se aos acordos regionais com outros partidos.
Fonte: Blog do Magno Martins

terça-feira, 24 de setembro de 2013

SENADO APROVA PROJETO QUE RECONHECE PROFISSÃO DE VAQUEIRO


O Plenário do Senado aprovou, nesta terça-feira (24), o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 83/2011 que reconhece e regulamenta a profissão de vaqueiro. A proposição, que segue agora para a sanção presidencial, define o vaqueiro como profissional responsável pelo trato, manejo e condução de animais como bois, búfalos, cavalos, mulas, cabras e ovelhas.


De autoria dos ex-deputados Edigar Mão Branca e Edson Duarte, o projeto estabelece que a contratação dos serviços de vaqueiro é de responsabilidade do administrador – proprietário ou não – do estabelecimento agropecuário de exploração de animais de grande e médio porte, de pecuária de leite, de corte e de criação.

O projeto torna obrigatória a inclusão de seguro de vida e de acidentes em favor do vaqueiro nos contratos de serviço ou de emprego. Tal seguro deve compreender indenizações por morte ou invalidez permanente, bem como ressarcimento de despesas médicas e hospitalares decorrentes de eventuais acidentes ou doenças profissionais que o vaqueiro sofrer durante sua jornada de trabalho, independentemente da duração da eventual internação, dos medicamentos e das terapias que assim se fizerem necessários.

 O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), comentando em Plenário o projeto, considerou sua aprovação como um resgate do ponto de vista social de enorme dívida do Brasil com os vaqueiros.
— A lida do gado é tão antiga no Brasil quanto o próprio país. Mas o reconhecimento dessa profissão, apesar de necessário já há muito tempo, é tardio — disse.

Ao fazer a leitura de seu parecer, Paulo Davim (PV-RN) fez um apelo ao Senado pedindo a rejeição de todas as emendas apresentadas à matéria no Senado a fim de evitar seu retorno à Câmara dos Deputados. Com relação a emenda do senador Cyro Miranda (PSDB-GO) propondo a eliminação da exigência da contratação de seguro de vida pelos empregadores para protegerem seus vaqueiros, Paulo Davim se comprometeu, contando com o apoio dos líderes, a solicitar o veto dessa exigência à presidente Dilma Rousseff.

Na avaliação do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), a exigência de seguro de vida, caso se torne lei, poderá representar um ônus insuportável para pequenos agricultores, inviabilizando assim a contratação de ajudantes para o trabalho nas fazendas.

Durante a discussão da matéria, vários senadores ressaltaram a importância de sua aprovação para os vaqueiros. Wellington Dias (PT-PI) observou que o projeto permitirá uma diferenciação do trabalhador rural comum com aqueles que cuidam especificamente de animais. Rodrigo Rollemberg recordou o relevante papel desempenhado pelos vaqueiros na colonização da Região Centro-Oeste.
Eunício de Oliveira (PMDB-CE) destacou a importância dos vaqueiros no desbravamento e ocupação do sertão nordestino, desde meados do século 16 quando foram trazidas as primeiras cabeças de gado para região.
— Com seu trabalho, foi ele, o vaqueiro, responsável pela conquista do sertão, fazendo com que o Brasil deixasse de ser eminentemente litorâneo — afirmou Eunício.

Lídice da Mata (PSB-BA) registrou a realização de campanha pelo Conselho Nacional de Cultura, visando o reconhecimento da figura do vaqueiro como patrimônio cultural e imaterial da Bahia.

Manifestaram-se ainda favoravelmente à aprovação do projeto os senadores Benedito de Lira (PP-AL), Vital do Rego (PMDB-PB), Mário Couto (PSDB-PA), José Agripino (DEM-RN), Walter Pinheiro (PT-BA), Casildo Maldaner (PMDB-SC), Sérgio Souza (PMDB-PR), Roberto Requião (PMDB-PR), Antônio Carlos Valadares (PSB-ES), Eduardo Amorim (PSC-CE), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Eduardo Suplicy (PT-SP), Inácio Arruda (PCdoB-CE), Ana Amélia (PP-RS), Humberto Costa (PT-PE), Waldemir Moka (PMDB-MS), Kátia Abreu (PSD-TO) e Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), Inácio Arruda (PCdoB-CE).

Fonte:Agência Senado

VAQUEIROS PEDEM A RENAN APROVAÇÃO DE PROJETO QUE REGULAMENTA SUA PROFISSÃO




O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) recebeu em seu gabinete, nesta terça-feira (24), um grupo de vaqueiros que compareceu à Casa defender a aprovação do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 83/2011 que reconhece e regulamenta esta profissão e é o primeiro item da pauta no Plenário.



A proposta define o vaqueiro como profissional responsável pelo trato, manejo e condução de animais como bois, búfalos, cavalos, mulas, cabras e ovelhas.



Antes de se reunir com os vaqueiros, Renan destacou a importância da regulamentação da profissão, destacou, existe no país desde 1549, na época de Tomé de Souza, primeiro governador-geral do Brasil.

— Os vaqueiros estão aguardando desde 2007 a aprovação deste projeto.  É muito importante que hoje nós possamos queimar etapas, fazendo esse resgate histórico, social, regulamentando a profissão e atribuindo dentre outros direitos um seguro. Porque é uma atividade de muito risco — disse Renan.

Ele afirmou ainda que, "mesmo sendo a profissão de vaqueiro típica do Nordeste, é uma atividade nacional", que existe em todas as regiões do Brasil, uma vez que quem cuida de qualquer tipo de gado pode ser considerado um vaqueiro.

Falando em nome da categoria, Márcio Lúcio, trabalhador da Fazenda Reserva localizada no município de Jaramataia (AL), avaliou que a aprovação da proposta beneficiará muito os vaqueiros de todo o país, sobretudo pela exigência, incluída no texto, de contratação pelo empregador de um seguro de vida para proteger esses profissionais.

— Nós temos família e caso venhamos sofrer alguma acidente, sem ter nenhum tipo de seguro, ficamos desprotegidos. Conheço muitos casos, por exemplo, de vaqueiros que ficaram cegos e deixaram as famílias desamparadas sem ter o que comer — declarou Márcio Lúcio.

Agência Senado

Vaqueiros cantam para Renan antes da aprovação do PLC 83/2011

SERRITA MARCANDO PRESENÇA NO SENADO FEDERAL

VAQUEIROS ACOMPANHAM VOTAÇÃO DE PROJETO E MUDAM A CENA NO SENADO



Brasília – Os corredores do Senado sempre cheios de assessores e parlamentares engravatados ganharam um tom diferente no início da tarde de hoje (24) com a chegada de 70 vaqueiros de várias regiões do país. Vestidos a caráter com chapéu e gibão, o grupo veio acompanhar a votação do Projeto de Lei (PLC) 83/2011, que reconhece e regulamenta a profissão deles.

Vaqueiros de Serrita no Senado Federal
A pedido de líderes partidários, a proposta será votada em regime de urgência hoje e será o primeiro item da pauta do plenário . O texto define o vaqueiro como profissional responsável pelo trato, manejo e condução de animais como bois, búfalos, cavalos, mulas, cabras e ovelhas.

Segundo o presidente da Associação dos Vaqueiros de Conceição do Coité, na Bahia, Áureo Carneiro, a regulamentação vai permitir ao vaqueiro "trabalhar com mais satisfação e amor”. “ Hoje quem paga bem um vaqueiro, paga um salário [mínimo]. A maioria, 90%, não ganha nem isso. Enquanto tem a sua juventude, sua força física, ele consegue emprego. Depois que ele fica velho e cansado ou sofre algum acidente na lida, ele é dispensado pelos patrões sem nenhuma garantia”, lamentou.

“Vamos ter os direitos legais que todas as profissões já têm: periculosidade, insalubridade, adicional noturno, hora extra, que ninguém que trabalha como vaqueiro recebe isso. É uma maneira de valorizar a nossa profissão que é uma das mais antigas do mundo”, disse o representante da Associação dos Encourados de Pedrão, também da Bahia, Anderson dos Santos Maia.

Pelo projeto, estão entre as atribuições do vaqueiro: alimentar os animais, fazer a ordenha, treinar e preparar animais para eventos culturais e socioesportivos com a garantia de que não sejam submetidos a atos de violência; e, sob a orientação de veterinários e técnicos qualificados, auxiliar com os cuidados necessários à reprodução das espécies.

Uma emenda ao projeto, aprovada pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, incluiu como papéis completares do vaqueiro, do administrador e do médico veterinário o cuidado com a saúde dos animais. No projeto original, a atividade está a cargo apenas do vaqueiro.

De acordo com outras emendas aprovadas durante a análise do projeto pela comissão, o vaqueiro tem a obrigação de comunicar ao administrador fatos que representem risco epidemiológico para os animais, especialmente em casos de febre aftosa, bem como de auxiliar nas tarefas relativas ao rastreamento dos rebanhos.
Se as emendas forem acatadas pelo plenário do Senado, o texto precisará voltar à análise da Câmara dos Deputados.

Fonte: Karine Melo
Repórter da Agência Brasil
 

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A CAPITAL DO VAQUEIRO MARCARÁ PRESENÇA EM BRASÍLIA



Em Brasília a expectativa é de que a votação do Projeto de Lei 83/2011seja acompanhada por representantes da categoria dos vaqueiros de vários estados do Brasil e Serrita não poderia ficar de fora. Cerca de 40 vaqueiros de Serrita estarão presentes no Senado nesta terça-feira, 24 durante a votação do Projeto de Lei da Câmara (PLC) 83/2011 que regulamenta a profissão de vaqueiro. A proposta é de autoria dos ex-deputados federais baianos Edgar Mão Branca e Edson Duarte, ambos do PV.

Ex-deputado Edgar Mão Branca /PV Bahia

Ex-deputado Edson Duarte/PV Bahia
Desde 1549, consta o primeiro registro oficial de pagamento pela lida com gado.

A proposta estabelece que a contratação do vaqueiro seja de responsabilidade do administrador, proprietário ou não do estabelecimento agropecuário. Com a regulamentação, a categoria passa a ter direitos assegurados pela lei.


É obrigatória, segundo a proposta aprovada, a previsão de seguro de vida e de acidentes em favor do vaqueiro nos contratos de serviço ou de emprego. Tal seguro deve compreender indenizações por morte ou invalidez permanente, bem como ressarcimento de despesas médicas e hospitalares decorrentes de eventuais acidentes ou doenças profissionais que o vaqueiro sofrer durante sua jornada de trabalho, independentemente da duração da eventual internação, dos medicamentos e das terapias que assim se fizerem necessários.


Vaqueiros de Serrita no embarque para Brasília
O projeto regulamenta situação factual, existente de longa data, reconhecendo a importância desses profissionais e os perigos as que estão expostos em sua luta diária.

Atribuições 

Pelo projeto, é atribuição do vaqueiro, entre outras atividades, alimentar os animais; realizar a ordenha; treinar e preparar animais para eventos culturais e socioesportivos com a garantia de que não sejam submetidos a atos de violência; e, sob a orientação de veterinários e técnicos qualificados, auxiliar com os cuidados necessários à reprodução das espécies.
Emenda do relator acrescentou entre as atribuições do vaqueiro o zelo pela saúde dos animais sob responsabilidade do administrador, com observância às orientações do médico veterinário. Na proposta inicial, o vaqueiro teria de cuidar da saúde dos animais sob sua responsabilidade.
De acordo com outra emenda do relator, o vaqueiro tem a obrigação de comunicar ao administrador fatos que representem risco epidemiológico para os animais, especialmente no que se refere à febre aftosa, bem como auxiliar nas tarefas relativas ao rastreamento dos rebanhos.



Fátima Canejo
Fotos Internet/Portal Serrita

sábado, 21 de setembro de 2013

Esculturas Jota Mildes

PETROLINA 118 ANOS



A minha homenagem à Petrolina aniversariante, é hoje um pouco diferente.
Diferente porque faço uma saudosa comparação entre a Petrolina que eu conheci ontem e a Petrolina que hoje eu vejo isto é: a Petrolina que vivi em um passado não muito distante - bonita, calma, bucólica, romântica e por demais, acolhedora e a Petrolina do presente, esta que visitei no mês de julho passado – sempre bonita, atraente, fervilhante... Porém um tanto indiferente. Também pudera, é uma cidade que cresce assustadoramente, que está ficando com cara de capital; e é lógico, que as pessoas praticamente já não são as mesmas e os costumes vêm mudando por conta do movimento migratório fácil de perceber!

A primeira - saudosista cheia de lembranças, de recordações que não acabam mais.

A segunda - atual, buliçosa, embalada pela pressa que faz a gente passar pelas pessoas sem as reconhecer, sem parar para um cumprimento, e onde se torna raro encontrar velhos amigos.
Conto nos dedos os amigos e conhecidos que tive o prazer de rever.

Antes em Petrolina todos se conheciam, paravam pra conversar; podiam sentar e prosear nas praças e na porta de casa, ou dormir nas calçadas em noites calorentas sem medo de assaltos.
Refiro-me à Petrolina em que o ponto alto da moçada era passear de mãos dadas na Praça Dom Malan, refrescar-se com as guloseimas das Sorveterias Calípso, Nossa Senhora Auxiliadora e Iglu.

A Petrolina do Ponto Chic, das Pharmácias (com Ph mesmo) Rocha e Santa Therezinha, da Sapataria Me Calça e das lojas A Principal, A Primavera, Bazar Útil, Armarinhos Petrolina e Caruaru; assim como dos armazéns Maniçoba, São João, Dois de Julho, Pedro Dias, Zé Moxotó, João Barracão, Teodomiro Araújo, José Cristóvão, João Nascimento, Casa Carlos, Bar e Sinuca de Simplício, Baninho Móveis, Lojas Pernambucanas e Narciso, Alfaiataria Mangabeira, Oficina Mangabeira, Papelaria Kuka, Ourivesaria de João do Ouro, de Bastinho e muitos outros estabelecimentos à moda da época - que ficaria cansativo enumerar.

Também uma lembrança da Agência da Varig, do antigo Aeroporto, do Instituto e Patrimônio São José, dos Jornais O Pharol e O Sertão; dos Serviços de Alto-Falantes de Sissí e Menininho; da Emissora Rural A Voz do São Francisco cujo surgimento, acompanhei desde a festiva chegada dos transmissores e montagem dos equipamentos até a sua inauguração (a triunfal entrada no ar com a música ÊXODUS), escolha feita por mim, a quem desde o início de todo o processo Dom Antonio confiou a gerência da Rádio e nesta permaneci por longo tempo até me transferir para a Rádio Juazeiro a convite dos seus proprietários.

E não podemos esquecer, quando se fala de progresso, das Indústrias Coelho e da Somassa, e do benefício trazido pela construção e asfaltamento da redentora rodovia Recife/Petrolina pelo Governador Nilo Coelho. Junte-se a estas lembranças a recordação das concorridas festas natalinas, do Mês de Maio na Matriz, das tardes dançantes na Sociedade 21 de Setembro e no Petrolina Clube, dos carnavais cuja tônica eram as Escolas de Samba, onde se destacavam no gosto popular a Pirata Reis do Samba (de Expedito), Escola de Adão, e Escola de Dona Mariquinha, entre outras.

A Petrolina de hoje é esta que acabo de ver: pujante, ascendente, encantadora – embora ainda com muitos problemas quanto à infra-estrutura e planejamento – problemas naturais a uma cidade que se expande tão rapidamente em todos os sentidos.

A cidade conhecida como grande celeiro e exportadora de frutas, possuidora de importante aglomerado de meios de comunicação, destacando-se entre estes as suas emissoras de rádio e sem dúvida os seus modernos sistemas de divulgação web como os blogs. Uma cidade bela de se ver e se morar, com um rio a lhe molhar os pés nos dias de calor de mais de 30 graus. Cidade generosa que não para de crescer, que se abre para receber milhares de famílias que aqui aportam em busca de melhora de vida, vindas de cidades e regiões vizinhas, de outros estados, de qualquer lugar, de muito distante, de além-mar.

Costuma-se dizer que Petrolina é como coração de mãe: sempre cabe mais um (e mais muitos, muitos mais) e aceita a todos com carinho.

Hoje, da Petrolina do passado restam “pouco” e “poucos”, mas esse pouco é ainda o que mais lhe identifica, e esses poucos são os que mais lhe enobrecem: uma casta que se compõe de homens e mulheres que plantaram os alicerces do futuro e se tornaram os construtores de uma memória que não pode ser apagada com o passar do tempo!

É assim que continuo vendo Petrolina (duas em uma) – surpreendente igual ao vinho que já se produz em suas entranhas e que para degustação e consumo quanto mais velho fica, melhores são, o seu aroma, o bouquet, o paladar.

Pena é que não posso estar hoje presente nas festas dos seus 118 anos, pois me impedem de fazê-lo os compromissos de trabalhos aqui no Distrito Federal. Outras oportunidades virão por certo. Mesmo assim abraço a todos!
Saudações, Petrolina! Parabéns!


Texto de Jota Mildes 
Escultor, pintor, jornalista, radialista, cronista, contista e articulista.
Autor de várias obras entre elas, O Bodódromo, estátua do Vaqueiro Raimundo Jacó entre tantas outras que se encontram no vídeo acima postado.