domingo, 29 de setembro de 2013

SERRITA, IMPÉRIO AUTOCRÁTICO DO CORONEL CHICO ROMÃO



Um município onde uma só vontade predomina e atua – Quando o juiz tentou ficar neutro, teve de imigrar sem um copo dágua para beber ou um amigo para falar – A pitoresca figura desse mandachuva da caatinga, que é, ao mesmo tempo, a sociedade e a lei – Braços do feudo chegam ao Ceará – Desaparecidas, o coronel é uma presença invisível naquela cidadezinha traumatizada.

- O SENHOR vai mesmo a Serrita? Perguntavam, inquietas as pessoas, desde que o nosso automóvel começou a rodar para Salgueiro, deixando para trás o São Francisco. Da Feria de Santana até, passando por Serrinha, Euclides da Cunha, Tucano, Canudos, Jatinam, e em todo o percurso da rodovia central de Pernambuco, de Salgueiro, Serra Talhada, Arcoverde, Pesqueira, Caruaru ao Recife, SERRITA é um nome mágico que empolga a imaginação e alimenta fantasias. Vezes inúmeras nos detivemos ao longo dos caminhos, sob aquele sol inclemente da caatinga nordestina, para ouvir histórias daquele espantoso reduto de um poder pessoal que não encontra paralelo em qualquer parte deste país.

Chico Romão passeia tranquilamente no Recife. O ar sombrio envolve a aparência do célebre Coronel de Serrita

Nos dias atuais, o nome de SERRITA ligado ao de CHICO ROMÃO é uma espécie de “background” de um dos crimes que mais emocionaram o nordeste. Mas, antes mesmo que aquele “comando” do cangaço se abastasse do sertão para um ajuste de contas sangrento e odioso em pleno coração do Recife, não havia pernambucano, letrado, que não se tivesse debruçado sobre os mapas para indicar naquela localidade perdida nas distâncias, mundo fabuloso que nasceu, cresce, progride, se rejubila ou sofre sob o império de uma só vontade e ao sopro de uma única inspiração. Em várias eleições, Serrita foi o desespero da oposição, e, sobre as urnas invioláveis de CHICO ROMÃO, repousou Agamenon, na certeza de que funcionara como um maquinismo de precisão, aquele eleitorado monotonamente uniforme e disciplinado. Mais do que isso: mesmo quando as divisões partidárias levaram ramos mais inquietos do clã a uma atitude destoante no campo político, era aquela numa esfera distante que não tocava a liderança indiscutível desse caudilho da caatinga, em cuja cintura nunca se viu um revólver e nem uma daquelas clássicas peixeiras que as ocasiões fazem brotar por encanto, nos ajustes de contas das estradas ermas.
 

CHICO FAZ O SEU MUNDO

Até parece que o mundo de CHICO ROMÃO começa ali em Salgueiro, naquela esquina movimentada do Nordeste, símbolo dessa civilização sobre rodas que está invadindo o interior. O arrendatário do hotel nos diz que é ele uma propriedade de uma irmã de Chico e mesmo em frente, está à mercearia de Filinto Sampaio, seu irmão. Durante muitos anos, o coronel fez política em Salgueiro, mas o que ele queria era o seu próprio feudo, onde uma vontade autocrática exercesse sem contraste, o seu domínio.
Foi assim que nasceu Serrinha, um distrito municipal, enfiado num fundo de montanhas e que se isola do mundo no inverno inteiro pela precariedade do seu ramal rodoviário.

Quando se fez a revisão dos nomes dos municípios constou que o técnico em nomenclatura municipal, Mario Melo tinha um para lhe impor, como tantos outros que nos fizeram desaprender corografia, em 24 horas. Chico preveniu que a mudança deveria fica mesmo em duas (2) letras, pois nunca consentiria numa transformação, que fosse além de sua atual denominação de SERRITA e assim se fez.

A localidade é pequena e parece sempre dormindo, como lembrou certa vez o deputado e sociólogo pernambucano Luiz Magalhães Melo. A trinta quilômetros de Salgueiro, poucos se animam em ir até lá. No conjunto, dá-nos uma ideia de asseio e até de cuidados administrativos. Os prédios públicos são confortáveis, há luz, a água e boa, o mercado amplo, uma igreja bem tratada e um grupo escolar que é uma contrafação de estilo moderno meio despropositado e sem ambiente. O grupo velho é, hoje, o hotel que mestre José afilhado e leal amigo de Chico administra, “mais para agradar o padrinho e completar a féria da carceragem”, por ele até a pouco exercida, segundo nos confessa, enquanto nos conta a história do retrato do velho por cuja reposição ostensiva teve de sustentar discussões com os policiais.


O PALCO DE CHICO. Tranquila, parecendo que sempre dorme, Serrita é um domínio inviolável, onde impera uma só vontade. A cidade, perdida na caatinga, está, assim, deserta e triste pela ausência detestada.

PRESENÇA INVISÍVEL, MAS ATUANTE

Parecia que encontrávamos no hotel o primeiro sintoma da posse. Já, antes, no entanto, nas luzes que brilhavam havia a marca da propriedade do Coronel e, dali, para diante, até o ar estava impregnado daquela presença invisível, mas atuante. No rádio do automóvel, ouvíramos a notícia de que a polícia cercara SERRITA. Evadido CHICO ROMÃO, grande tem sido o empenho dos policiais em lhe deitar a mão. Toda a zona Sampaio, que compreende áreas entre Salgueiro, Serrita, Bodocó e Exú esta sob vigilância severa e intensas investigações e buscas se efetivaram logo em seguida ao mandado de prisão. De Exú, o Major Presciliano Pereira de Morais dirige a operação de busca, assistido, naquele comando, pelo Tenente Olímpio Correia dos Santos. Em Bodocó, está o Tenente Propecio, em Salgueiro, o Sargento Waldomiro e, em Serrita, o suave e jeitoso Tenente José Gonçalves Lopes, com um destacamento de trinta praças, veículos e uma estação de rádio portátil que o coloca em comunicação permanente com a Secretaria de Segurança no Recife.

Os parentes de Chico atribuem à nomeação do Major a amenização das medidas coercitivas que o Tenente Lopes teria tomado a sua chegada. Penetrando numa cidade em que só da Chico, não havia policial, por mais suave que fosse que não tomasse medidas de segurança, tanto mais que devia ele prender um homem que, para o comum dos sertanejos, é um ente inviolável e inatingível. Foi esse o argumento com que o Tenente Lopes explicou a sua conduta.

- O senhor avalia – diz-nos ele – o que é estar aqui para uma tarefa dessas. Não encontro uma só pessoa que preste depoimento num inquérito sobre o Coronel Romão. É um cerco inverso que a população exerce sobre nós.


O Coronel Roberto de Pessoa mobilizou recursos técnicos modernos para a operação da captura de Chico Romão. O cabo opera essa estação de rádio, que emite vários boletins diários ao Secretário de Segurança, no seu QG no Derby, instalado no Recife. Mas, a notícia tão ansiosamente esperada ainda não chegou.
A HISTÓRIA DO JUIZ QUE NÃO BEBIA E NEM CONVERSAVA

Na verdade, o tenente queria muito. Não sabia ele da história daquele juiz de direito, que, desentendido com o Coronel, teve de imigrar para Salgueiro, sem encontrar uma só pessoa que lhe abrigasse o juizado, lhe desse água para beber e o consolo de uma palavra para suavizar a solidão.Vinha da outra cidade para trabalho, com o frito nos alforjes e as garrafas dágua, voltando tão pronto ultimasse as audiências.

Encontramos Serrita num estado de espírito de profunda consternação. Chamo pessoas a esmo, nas ruas, e todas suspiram pela volta do velho numa revivescência agreste do queremismo. Ninguém fala sobre o crime e os poucos que se aventuram para opinar são para dizer que Chico é inocente, “mas se é que ele fez, tinha razão, pois tudo que faz, está bem feito”. Quase nem ousamos pedir informes a seu respeito, para não incorrer na violação do código de segurança que protege o desaparecimento do chefe.

Esmerino Sampaio nos informou que muitas famílias se mudaram e outras estão no interior. A feira, que assistimos, foi fraca, mas não de todo inoperante. E a impressão que a polícia nos dava era a de que cansara de esperar pelo regresso de Chico. O Tenente Lopes engordou onze quilos e queixa-se muito dos queijos de Serrita e de um leite que tem fama de pureza e de proteínas. Na rua, os soldados começam a quebrar a ordem de não confraternizar, mesmo porque quem resiste um mês sem um bate-papo tão ao agrado de policiais destacados? Um deles está popular. Esbelto, bem apresentado, consciente de sua tarefa, não entra na intimidade de Serrita. Por isso mesmo, ganhou um apelido de “Simpatia”, que muitas pessoas nos pediram entendesse pelo método vice-versa.

 
Deputado Esmerino Sampaio

Edmundo Sampaio, irmão de Esmerino


Soldados do destacamento em Serrita, Exu, Bodocó e Salgueiro, estão saturados do isolamento. A ordem de confraternizar tem sido quebrada, mas mesmo assim ninguém obriga a população a se entender bem com policiais que procuram a todo transe capturar o seu coronel.    

DANÇA QUADRILHA, NÃO USA LINHO, FALA POUCO E QUASE NÃO RI

Francisco Filgueira Sampaio, que incorporou ao apelido de CHICO ROMÃO o nome do pai, é o centro desse mundo à parte, o qual a maioria das pessoas não teve notícia da bomba atômica e, para tantas outras não há informações exatas sobre o fim da guerra.

O PATRIARCA, Coronel Romão Pereira Filgueira Sampaio, pai de Chico, que dominou muito tempo a política de Salgueiro e do Cariri
CHALÉ VILA MARIA - Residência do Coronel Chico Romão
As estatísticas mais rigorosas que o mano José Romão nos fornece, dá vinte irmãos vivos, além de quatro mortos, e cerca de seiscentos sobrinhos, sem falar num aguerrido regimento de primos e parentes afins ou colaterais.

BELEZA DA CAATINGA. Laura, mais conhecida como Laurita, uma das filhas do Chefe de Serrita, casada com 8 filhos.
Aos 64 anos, casado com Dona Maroca (Maria Maia Arrais Sampaio), é, ele próprio cearense de Barbalha, enquanto a esposa nos conta, com orgulho, que veio criança do Piauí fazendo lastro numa carga de jumentos. O único filho homem que tem, Francisco Sampaio Filho é comerciante, tendo desistido, cedo, dos estudos, desinteressado igualmente da carreira política. O casal tem sete filhas, sendo duas casadas e quase todas professoras, educadas em Triunfo para não se distanciar muito da terra. Os casamentos, quase sempre ocorrem entre primos e, no estado atual, teríamos que recorrer a operações holeríticas para precisar graus de parentescos. Um primo nos disse: “Nós, aqui, casamos por edital. O velho é quem ajeita tudo e indica a noiva”.


 

A esposa do Coronel de Serrita, D. Maroca: “Só tenho um desejo: que Chico volte. Não compreendo nada disso. Por que fazem essa perseguição? Isso é uma injustiça que o tempo vai demonstrar”.
Geni professora do Grupo Escolar  e Maria diretora do Grupo - filhas do Coronel


PEDINDO A DEUS que devolva o velho à Vila Maria, Terezinha, Neuza e Eletrice, filhas mais novas do Coronel Chico Romão. Estudam em Triunfo, para não se afastar muito de Serrita amada.


Baixo, alvo, meio ruivo com traços holandeses no aspecto, Chico Romão tem hábitos rijamente sertanejos. Deita cedo e as 4 está de pé para o café que compreende, pão de milho com leite. Dirige suas cinco fábricas de coroá, três engenhos e cerca de oito fazendas e está, sempre,  à frente dos negócios próprios e dos do município, do qual é prefeito. É um homem que fala pouco e tem fama de não repetir uma declaração duas vezes. Quase não ri, mas no dia de festa, dança de sobrolho fechado, uma quadrilha da qual participam as suas filhas.

Suas viagens são, de raro em raro ao Recife e ai se hospeda em pensões baratíssimas, porque considera o Grande Hotel incompatível com a maneira de viver dos homens do interior. Nos círculos de suas relações, não há noticia de que tenha visto com roupa de linho ou de casimira. É sempre aquele brim de carregação, tipicamente interior.

Nosso confrade Gomes Maranhão que faz, agora, manchetes na Secretaria de Agricultura, com tratores e algodão, rememora as vezes que Chico esteve em sua repartição para pleitear coisas para Serrita.

Homem precavido, sua infiltração maior foi na política, onde empregava afilhados, amigos e até parentes. Um detalhe curioso é que não é ele filho legítimo do casal, mas se impôs desde cedo, como a figura dominante da família e todos fazem questão de olvidar a circunstância. Em Serrita é magistrado, executivo, legislativo e juiz de paz.

Pilheria-se que o padre da freguesia dava a absolvição, “em nome do Coronel Chico” e sua senhora se queixa de que boa parte das noites foi roubada das amenidades do lar para que fosse ele pacificar esposos desavindos em distritos distantes.

Certa vez no Recife, um amigo, que desesperara da polícia, pediu a colaboração de Chico na tarefa de fazer um casamento que o responsável sonegara de realizar. O Coronel mandou chamar “aquele pilantrinha” e nem precisou muitos esforços: Moço você não quer casar amanhã?  O rapaz rapidamente convertido ás leis morais do matrimônio, não teve outra resposta: “Quero, sim, senhor...” E Chico testemunhava vinte quatro horas depois mais uma união que se iniciara, ilegalmente, nos desvios dos comandos ilícitos.

Coronel Chico Heráclio de Limoeiro/PE e o Coronel Chico Romão de Serrita
OS BRAÇOS DO FEUDO ABRAÇAM O CARIRI

Seu domínio espiritual vai até o lado cearense do cariri, onde o Deputado Federal Leal Sampaio é figura dominante. No Recife, Cid e Leal Sampaio são seus parentes, e o Brigadeiro Macedo como o Coronel Sampson, são primos próximos. Nertan Macedo, seu sobrinho, inquieto e fértil repórter associado que o asfalto do Recife não conseguia “civilizar” de todo, nos conta que a atração da terra sobre a família é tão grande, que o Brigadeiro, reformado da FAB, cria bois em Quixeramobim e nunca perdeu as comunicações com Serrita. Essa história de partido, para Chico, é secundária, o que vale e reter o domínio e ser leal aos amigos.

Em Bodocó, seu irmão José chefia o PTB e quando nós pedimos que nos apresentem aos udenistas (UDN) de Serrita, quem nos aparece, Chico até debaixo dágua, são primos do Coronel, que, de logo, confessam que a “eterna vigilância” cedera, agora, lugar a defesa do clã ameaçado.

Ninguém resiste à atração natural de amparar parentes, mas na escala de Serrita, não deve haver algo parecido no Brasil. A única autoridade não ROMÃO foi o Promotor Manoel Ozório, e agora, os policiais retirados, aqueles que o crime de Apipucos que encontrou nos seus postos.
Vejamos essa lista realmente sensacional:


Prefeito Chico Romão, licenciado por um ano;
Presidente da Câmara e prefeito em exercício, José Xavier Sampaio, genro;
Coletor Estadual, Antonio de Oliveira Sampaio, sobrinho;
Escrivão, Walter Cruz Sampaio, sobrinho;
Diretora do grupo, Maria Lima Sampaio Xavier, sendo outra, professora;
Agente de Correio, Laura Filgueira Sampaio, irmã;
Agente de Estatística, Vadeci da Franca Sampaio, sobrinho;
Tabelião, Otávio Angelim, casado com uma sobrinha;
Chefes da U.D.N. (União Democrática Nacional), os primos e sobrinhos:
Romão da Cruz Sampaio,
Caraciole Filgueira Sampaio,
Antonio Sá Sampaio.


 
Presidente da Câmara e prefeito em exercício, José Xavier Sampaio, genro.Casado com Maria Sampaio

Coletor Estadual, Antonio de Oliveira Sampaio, sobrinho
Agente de Correio, Laura Filgueira Sampaio, irmã
Agente de Estatística, Vadeci da Franca Sampaio, sobrinho
Tabelião, Otávio Angelim, casado com uma sobrinha
Chefes da U.D.N. (União Democrática Nacional), os primos e sobrinhos:Antonio Sá Sampaio.
Romão Cruz Sampaio

Chico é proprietário da usina e dirige, também, a cooperativa agropecuária. Um quadro completo e raro.

Um ardoroso jovem de Missão Velha, e sobrinho Wilson Sampaio, que Edith Lucena recorda como um dos que atirou em seu irmão Edmilson, nos diz, com convicção: “Para mudar isso aqui, o governador deve começar, primeiro, trazendo gente de fora. Aqui mesmo só dá Sampaio”. O trabalhista José Romão, que perdeu um irmão trocando tiros com adversários na praça pública de Bodocó, acrescenta visivelmente orgulhoso: “Não
somos um Estado, como dizem ai pelo Recife, mas na verdade, constituímos um poder para todas as épocas”. Onde houver um Sampaio, Chico conta com um leal amigo, pronto a tudo”. Vários outros bateram no peito de que atirarão até na lua, se Chico mandar, e mensagens semelhantes estão chegando de outros municípios até onde vão às influências da família.

“MATARIA SE O TIO CHICO MANDASSE”, confessa Wilson Sampaio, que acabou de vir de Missão Velha


 
SERRITA OLHA PARA AS GALERIAS DA ASSEMBLÉIA

Serrita é isto. Vida, agonia e paixão de Chico. O bloco Sampaio acredita-se com um eleitorado de 10 mil votos e ramificações extensas em outros “colégios”. Todos se mostram muito ressentidos com o governador. Um primo de Esmerino nos indica os filinhos gêmeos desse deputado e herdeiro presuntivo de Chico e nos conta: “O Otávio Correia queria que o Esmerino desse os nomes de Agamenon e Etelvino.Veja que contrariedade não estaríamos nós, agora, pelo menos na metade”.

É possível que o governador chame de novo Serrita ao aprisco. Mas isso terá que ser feito via Chico Romão. De outro modo, deve haver uma recolonização intensa. Mas poderá fazê-lo? Esmerino Sampaio mostra-se muito atento às galerias da Assembléia. “A opinião do Recife está mudando, informa ele: Já recebemos palmas, quando defendemos Chico”.

Na verdade, a esta altura, dificilmente se separará Serrita do crime de Apipucos. Mais ainda: apesar de aparente suavidade do domínio, é um sistema feudal que encontra a repugnância nas camadas populares do Recife. Por outro lado, a extensão e a profundidade daquele império familiar trazem para a ordem do dia o problema que procuraremos abordar na reportagem seguinte: poderá o Coronel Roberto de Pessoa levar a bom termo a sua tarefa?  A conjugação do esforço policial, dos aviões e das estradas, derrotará os coronéis ou lhes imporá novos métodos de liderança municipal?

Vamos ver isso. Para começo de conversa, o simples fato de que o poderoso caudilho de Serrita foi envolvido em investigações sobre um crime fez deflagrar uma crise política, que contornada agora, será um rastilho quando as definições forem mais oportunas e cômodas. O Deputado João Roma insiste: há uma injustiça em tudo isso porque Chico é inocente. O Governador Agamenon Magalhães reúne três condições para fazer um juízo exato da situação – é um homem de Estado, um sociólogo e um jornalista. Ele sabe que o crime de Apipucos pode ser o começo de uma reforma política e de métodos, jogando por terra uma estrutura solidamente instaurada em Pernambuco. Para os coronéis, muitos dos quais desfilarão impressões na reportagem futura, é este um tema fascinante, que a sua comunidade encara jogando por terra  uma reforma pol Chico. com uma rara consciência de classe e uma aguda atenção aos movimentos da ofensiva deflagrada por aquele “servicinho mal feito” de Apipucos, como o consideram alguns caudilhos do agreste e do sertão.  


Revista “O Cruzeiro” – 1 de março de 1952
Texto: Neiva Moreira
Fotos: Utaro Kanai

Reportagem sobre o Coronel Chico Romão que foi acusado de ser o mentor intelectual do crime de Apipucos, foi digitalizada na íntegra por Fátima Canejo em 29 de setembro de 2013 – Natal-Rio Grande do Norte.

Agradecimento a  Profª.Ms. Elizabeth Johansen, Diretora Técnica do Museu Campos Gerais da Universidade Estadual de Ponta Grossa, que gentilmente enviou cópias da revista para digitalização.

Próximas publicações:

CHICO ROMÃO O ÚLTIMO DOS GRANDES CORONÉIS
O CANGAÇO DESEMBARGA NO CAPIBARIBE
OS CORONÉIS TOPAM A PARADA
O ASSASSINATO DO CORONEL CHICO ROMÃO
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Nota
Francisco Filgueira Sampaio – Chico Romão foi casado com Dona Maroca – Maria Maia Arrais Sampaio com quem teve 07 filhos:

01 - Antenor
02 - Esmerindo
03 - Expedito
04 - Rivadenira
05 - Idalina
06 - Maria Arrais Maia Sampaio Filha
07 - Laura Arrais Maia Sampaio

OBS.: Os filhos: Antenor, Esmerindo, Expedito, Rivadenira e Idalina, morreram quando crianças.

A filha Maria, conhecida como Maroquinha era a mais velha e tinha uma deficiência visual, e por esta condição, aproximava-se mais do pai.

Laura conhecida como Laurita, casou-se com Rogério Sampaio Canejo com quem teve 12 filhos.

O Coronel Chico Romão também teve 05 filhas e 01 filho com Maria Alta de Lima (Alta)

01 - Francisco Filgueira Sampaio Filho – (Tita) que tomou gosto pela política e foi vereador de Serrita em 1954/1958 e deputado estadual – 1958/1970.

02 - Geni
03 - Neuza
04 - Eletrice
05 - Tereza
06 - Maria

Obs.: Todos os filhos viviam no Chalé Vila Maria, residência do Coronel e Dona Maroca.  As filhas estudavam em Triunfo. 

Com a morte de Dona Maroca em 06 de abril de 1958 o coronel Chico Romão casou-se pela segunda vez com a professora Neuma Maria de Brito de Jardim/CE, em 02/09/1958. Não tiveram filhos, mas adotaram uma sobrinha do Coronel, filha natural do seu sobrinho Álvaro Xavier Sampaio. Seu nome era Marlene de Brito Sampaio.
 

Francisco Filgueira Sampaio, filho do Coronel Romão Pereira Filgueira Sampaio e Idalina Rodrigues, nasceu em Salgueiro em 16/10/1887 e faleceu na mesma cidade em 22/05/1964 com 76 anos, vítima de assassinato.

Maria Arrais Maia Sampaio (Dona Maroca) filha de José do Monte Maia e Inácia da Glória Maia, nasceu em 20/08/1885 em Aurora/CE, e faleceu em Serrita no dia 06/04/1958 com 72 anos de idade em conseqüência de complicações cardíacas.

Arquivo: Fátima Canejo.
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Um comentário:

  1. Meu bisavô é de serrita, João Pereira da cruz, pai do meu avô Jorge Pereira da cruz, eles se mudaram pra cedro meu avô era jovem ainda, nasceu no sítio Torre, perdeu sua mãe jovem, queria saber onde encontro registro da família em serrita.

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